Liberdade, igualdade e fraternidade era o lema dos revolucionários
franceses que derrubaram a monarquia e o clero instituindo uma nova
ordem social, política e econômica na França, influenciando toda a
Europa, no final do século XVIII. Dentre as conquistas mais
significativas deste período, destaca-se a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, garantindo, assim, que um ser humano não
deve ser tratado pelo Estado de forma autoritária.
Apesar de consolidado em todo o mundo, o lema vem sofrendo um
desgaste significativo nestes anos de Nova Era. A pátria que o
concebeu, a França, está batendo cabeça. Respeitar tão largos e
abrangentes princípios tem sido um tanto quanto desafiador. E o que
vem causando este tumulto é justamente a busca por uma vida melhor,
mais humana, mais compreensiva e por maiores oportunidades de futuro
por milhares de pessoas que fogem de zonas de conflito. Em tese, a
França é o melhor local no mundo para isso. Os franceses, no
entanto, não vêm pensando dessa forma. Cada imigrante significa o
acirramento na disputa por vagas no concorrido mercado de trabalho e
no atendimento nos serviços públicos. Como o dinheiro é finito,
sobram problemas e carecem soluções.
O crescimento do discurso conservador, de direita, foi a resposta
encontrada por boa parte dos eleitores. Queremos liberdade, igualdade
e fraternidade para os nossos. Os outros que busquem em outro lugar,
menos aqui.
Dia desses, um líder da Anistia Internacional, num destes
documentários que passa na tevê, ressaltava que a Europa e boa
parte do mundo está passando por um revés de fundo filosófico. O
paradoxo que se estabeleceu nestes tempos, segundo ele, é que está
sendo difícil conjugar liberdade com segurança. Com isso, as
pessoas têm optado por restringir a liberdade para garantir o
emprego, os serviços públicos e o status quo pelo menos no mundo
físico. O lema idealizado pelos revolucionários de alguns séculos
atrás corre sério perigo, segundo o pensador. A prática estaria na
iminência de enterrar a teoria.
O contrário, por incrível que pareça, ocorre no mundo virtual. Os
grandes problemas de vazamento de dados na internet se dão porque as
pessoas, em geral, abrem mão da sua segurança para ter acesso aos
serviços dos aplicativos. Ninguém gasta seu tempo lendo os termos
de aceite. Muitas vezes, com isso, acabam tornando públicos seus
dados sem ao menos se darem conta de que isso ocorreu por “livre e
espontânea vontade sua”. Na Europa os legisladores têm sido muito
firmes exigindo do Google, Facebook e outros gigantes que dominam as
mídias sociais, um maior respeito aos usuários, impondo pesadas
multas e criando garantias extras para a preservação dos dados
individuais.
Por aqui nada se fala. Pelo contrário, há um certo deslumbramento
em relação ao uso das mídias sociais no controle das pessoas. Tudo
aquilo que Mussolini e Hitler talvez desejassem está disponível num
telefone celular. Alunos e pais arapongas vigiando professores em
sala de aula para evitar uma pretensa doutrinação. Até
legisladores, que se dizem preocupados em preservar a sociedade,
entraram nesta onda de perseguição. Exageram todos.
Ora, se os professores tivessem todo este poder e fossem tão unidos
assim já teriam trabalhado de maneira bem mais concreta para
garantir melhores salários no final do mês. Afinal, tiveram muito
tempo para encher a cabeça dos políticos que aí estão e teriam
muito mais aliados do que encontram nos dias de hoje. Vê-se, então,
que a chamada doutrinação é falha.
Hoje a oferta de informação é muito grande. A contribuição da
escola perdeu muito peso na formação das pessoas. Os conteúdos
estão aí na internet. Ponto e contraponto. O professor pode falar
em paz, em regimes de governos, em sistemas econômicos estudo o que
quiser. Em casa, após a aula, o adolescente, na intimidade de seu
quarto, pode ver tantos vídeos quanto quiser, matar milhares de
pessoas, destruir cidades inteiras, conquistar impérios, matar sua
ansiedade por aventuras em sites de ponografia sem que seus pais
sequer suspeitem.
A liberdade virtual se contrapõe à liberdade física. Em muitos
casos o desejo de controlar é mero gasto de energia. Osho é mais
radical do que todos. Para ele, liberdade é não ouvir o pai, não
ouvir a mãe, não ouvir o avô, não ouvir o padre ou o pastor, não
ouvir o professor, não ouvir o deputado, não ouvir o senador, não
ouvir o presidente do Rotary, do Lions, do país. Para ele, a
liberdade é ouvir a sua voz. Para isso, no entanto, é necessário
correr perigo, abandonar o capitalismo, o socialismo, o comunismo, a
religião, todo e qualquer sistema e enxergar a verdade.
Mas, onde está a verdade, mesmo? Segundo ele, na consciência.
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