Gatos caem do telhado
– Os felinos são fortes, lépidos, rápidos, espertos e ágeis. Na
linguagem popular, dizem que os domesticados, notadamente os gatos,
contam com sete vidas. É
crença antiga, é claro, despudoradamente falsa. Os bichinhos são
sensíveis. Mudanças são um pesadelo para eles. E, tanto quando
nós, morrem um dia independentemente de seis outras possibilidades.
Outro pensamento popular é de que os gatos não se machucam na
queda. Apesar da agilidade, caem do telhado. Machucam-se. O
conhecimento popular construído através do achismo e da primeira
impressão, em regra, encontra-se muito distante da realidade
científica.
Todo
o poder emana do povo
– Pensamento basilar da democracia e princípio constitucional
pátrio, a assertiva é uma dessas pérolas que encantam nos
discursos dos políticos e enchem de orgulho quem ouve. Faz bem ao
ego acreditar que realmente o poder é do povo. Mas, não é bem
assim. O poder do povo está em eleger. Feito isso, babaus. O eleito,
bom ou ruim, de centro, de direita ou de esquerda, arrogante ou
simpático, honesto ou nem tanto, está autorizado a governar como
quiser. Isto porque, os votos recebidos são uma espécie de salvo
conduto. O povo vota, mas não governa. A menos que se alie e crie
exércitos de defensores que têm como papel básico combater
qualquer crítica, qualquer citação ou mesmo qualquer manifestação
de humor nas redes sociais.
A
igualdade
– Todos são iguais perante a lei. É outro desses princípios tão
belos quanto ineficazes. Num mundo ideal talvez fosse a grande lei. A
igualdade de todos os seres abaixo da luz solar. Os budistas pensam
assim. Quem conhece o templo de Três Coroas bem sabe que há
plaquinhas alertando os visitantes sobre os carreirinhos das
formigas. Pedem respeito à vida das formiguinhas porque elas também
são seres dignos de respeito. Porém, mesmo quem se dedica a lançar
olhares encantados aos corpos celestes reage com algum furor de
estiver em cima de um formigueiro. Lá se vai o respeito ao ser
criado pela Perfeição.
Racionalismo
– O racionalismo, se levado ao extremo, é capaz de eliminar em
muito o impacto das ideias. O debate próprio de quem pensa, que se
estabelece após o surgimento de uma ideia, talvez tenha o poder de
reduzir o impacto daquilo que aparece através da intuição. Muitos
artistas, escritores, pintores, acordam na madrugada quando surge
alguma mensagem intuitiva. Jogam-se sem pensar no trabalho. Nem tudo
vira obra de arte, é claro. O Rolling Stone Mick Jagger disse, certa
vez, que ouve algumas músicas compostas por ele mesmo e nota que a
peça não veio de seu cérebro. Não sabe de onde surgiram os
versos, as notas, os arranjos. Acha tudo isso muito estranho porque
não encontra uma explicação para o fenômeno. Agora nem busca mais
uma resposta. É isso jovem Jagger: nem tudo o que ocorre por aqui
tem uma explicação racional. Ou tem?