Os humanos e os macacos têm muito em comum. Lá nos anos 70 alguns
cientistas chegavam a afirmar que os fatores genéticos, a partir dos
estudos do DNA dos humanos e dos macacos, coincidiam em 99%. A
informação foi um estrondo. Afinal, o número demonstrava que pouca
coisa diferenciava as espécias. No entanto, outros estudos foram
realizados nas décadas seguintes com equipamentos mais precisos,
utilizando-se outros métodos de análise e os resultados foram bem
diferentes. Um abismo abriu-se entre os homens e os símios. Este
patamar de 99% escorregou para módicos 70%. Um salto e tanto. De
qualquer modo, ainda assim registra-se uma grande semelhança entre
as espécies.
Se os humanos levam vantagem em inúmeros quesitos, como no uso de
linguagem mais rica, estruturada e detalhada, que permite perceber a
objetividade e a subjetividade, na fabricação de coisas complexas,
na criação de sistemas que viabilizam a vida em sociedade, entre
outros, há um que outro detalhe onde os símios batem um bolão.
Não estamos, claro, falando da habilidade específica em pular de
galho em galho. Se isso fosse levado em conta, o jogo poderia ser
encerrado antes mesmo do apito do juiz. Os macacos são imbatíveis.
Me refiro à capacidade em tomar decisões distintas da usualmente
experimentada. Segundo pesquisadores da Universidade de Psicologia da
Georgia, os macacos Rhesus e Capuchinhos apresentam certa tendência
a escolher opções inéditas para resolver os problemas. Assim,
diante de uma situação tendem a buscar soluções diferentes. Não
optam pela segurança, pelo conhecido, pelo garantido. Buscam a
eficácia em opções ainda não tentadas.
Os números impressionam. Segundo a psicóloga Julia Watzek, uma das
pesquisadoras, os macacos são mais inclinados que os humanos a tomar
caminhos diferentes diante de uma situação que os desafiem. Os
dados mostram que 70% dos macacos não hesitam em buscar outras
soluções para um problema que se repetiu. Já entre os humanos este
número cai extraordinariamente. Somente um entre 56 ousou arriscou
uma mudança. Todos os demais seguiram com a opção conhecida e
testada. Mesmo depois de apresentado um vídeo mostrando outras
formas de resolver o problema, ao menos 30% dos homens ainda
permaneciam na opção primitiva.
A resposta está na formação de um conceito anterior. Parece
existir uma preferência pelo conhecido. O homem, em regra, está
preso às soluções já experimentadas. Poderíamos, também,
especular que o ser humano busca a segurança e, diante do
desconhecido, teme fracassar. Esse fracasso parece mais plausível
quando a solução tentada é diferente daquela já experimentada.
A pesquisa por certo dá margem a interpretações diversas. Nos dias
de hoje, muito se fala sobre necessidade de mudanças, de alteração
de visão de mundo e de abertura para o novo. Boa parte da nossa
gente, como se vê, está encastelada. Repete as ações no dia a
dia, mesmo buscando resultados diferentes. Com isto dá razão a uma
sentença por demais conhecida: “insanidade é desejar resultados
diferentes fazendo a mesma coisas”.
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