Não
existe nada objetivo em relação ao nosso tamanho. Não me refiro ao
tamanho real do corpo físico. Isso é fácil. Basta uma fita métrica
e o caso está resolvido. Que o digam os agentes funerários, hábeis
em medir corpos desfalecidos com exatidão infalível. Falo de outra
questão: qual o nosso tamanho, a nossa importância neste vasto
mundão criado há tanto tempo e regido por algumas poucas leis
conhecidas e por uma imensidão extraordinária de desconhecimento?
Ao
longo dos tempos foram sendo construídas teses, tiradas determinadas
conclusões sempre de acordo com o raso conhecimento que se tem. De
positivo, de forma definitiva, no entanto, tudo continua navegando na
incerteza. Senão vejamos: nos pensamentos religiosos mais antigos, o
homem é um nada no mundo, uma cabeça de alfinete (se tanto), um
grão de areia no deserto. Uma coisinha quase insignificante. Um
serzinho que caminha na escuridão da ignorância diante de um
Criador que o atordoa com ordens de correção e passo certo. Deve
temer os erros, evitar os desatinos. Resta pouco de jogo de cintura
neste sistema que reduz a criatura e rouba-lhe a possibilidade de
criar coisas novas a partir de seus enganos. Errar é pecado. E
pecado é coisa grave. Então, o melhor mesmo é não tentar e,
talvez, nem pensar.
Neste
sistema, a imaginação é perniciosa. Abandonar as crenças
estabelecidas pelo “outro” jamais. Viver é participar dos
dramas, das guerras, das contendas, das desarmonias que atingem a
todos, criar armas, apontá-las aos inimigos ou pretensos inimigos e,
de preferência, aniquilá-los. E, nos finais de semanas e dias
santos, honrar ao Criador e seus admiráveis assistentes.
Outros
ramos de pensamento saem deste sistema opressor de erro e acerto, de
céu e inferno, de medo e de atrelamento à ideia da cobrança
divina. Um deles é o dos hunas, do velho Havaí, por exemplo, que
abstraem a ideia de guerra necessária, de dramas coletivos e de
inimigos declarados ou ocultos. Passam ao largo da ideia de que só
Deus é capaz de trazer a paz e só a medicina operar a cura dos
corpos. Investem, isso sim, no poder pessoal de cada ser.
Para
os kahunas, os antigos sábios dos Hunas do Havaí, é necessário
reconhecer a parcela divina que habita dentro de cada ser. Ou seja,
não está Deus lá fora ordenando, punindo e demonstrando seu apreço
ou seu rancor pelos erros dos seus filhos. Não! Os filhos têm suas
pernas e suas mentes e, portanto, podem mudar as condições de suas
próprias vidas, assumindo suas responsabilidades por tudo o que
acontece em suas existências.
Ora,
de algum modo, isto se choca com as opiniões e pensamentos
cristalizados ao longo de milênios. É comovente como o indivíduo
prefere optar, ou é levado a isso por processo de manipulação,
pela aceitação da sua impotência individual. É o tal do senso
comum. Se o jornal diz, se a tevê diz, se está na internet, se as
pessoas repetem isso e aquilo, então é tudo verdade. Assim é!
A
quebra dessa fixação hipnótica de vitimização e imobilismo
voluntário (ou não) é a proposta. Um detalhe curioso é que este
estado hipnótico pode atingir, inclusive, o pensamento do mundo
esotérico. O Universo, então, recebe os poderes mágicos. O
empresário que faliu, o relacionamento que acabou, o acidente de
carro, vistos por este prisma seriam recados dados por uma
organização administrativa invisível que tem como objetivo abrir
os olhos das pessoas para a necessidade de mudar. Creia no que
quiser. Pense como puder. No entanto, o Universo, neste caso, é mero
substituto de Deus. Não do Criador de tudo o que há, mas do ente
forte e opressor da igreja antiga.
Na
obra da escritora Lynda Dahl, Ten Thousand Whispers, Seth informa que
“criamos nossa própria realidade sem exceção; o tempo é
simultâneo, com passado, presente e futuro ativos, atingíveis e
mutáveis neste exato momento; somos seres espirituais, e estamos
nesta realidade física por razões e intenção mais profundas; o
Universo está aqui para apoiar-nos e as lições foram colocadas por
nós mesmos por motivos individuais exatamente neste tempo; temos o
controle criativo e completo sobre tudo o que vivenciamos, e isto
significa que não podemos ser influenciados por outra pessoa, a
menos que o permitamos”.
É
um baque. Uma mudança e tanto. Porém, é opcional pensar assim. É
opcional gastar um tempo pensando sobre isso. Há tantas coisas lá
fora. E, às vezes, é lá fora que nossos olhos encontram as
respostas necessárias para o agora. Afinal, certo e erro, justo e
injusto, necessário ou desnecessário são só pontos de vista.
Aliás, como tudo na vida.
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