06/05/2020

O Macro e o Micro


O homem é um ser inquieto, sabemos disso. Ainda bem que assim é. Não fosse e a roda ainda seria um bloco de pedra quadrado e a Terra seria plana, com oceanos que terminavam no nada. E o Criador ainda seria um ser vingativo que pune os carnavalescos cariocas com uma peste porque “zombaram” da divindade nos seus desfiles profanos. Porém, este anseio pela busca de respostas é um caminho sem fim. Quanto mais o homem avança sua pesquisa sobre a existência, mais perguntas surgem.
O universo, visto no passado como a única fronteira possível, já não contém tudo o que existe. Tornou-se pequeno aos olhos de equipamentos sofisticados e diante de cálculos matemáticos formulados por homens de mentes brilhantes e insaciavelmente curiosas. O olhar já está ultrapassando suas paredes.

Os cientistas estão loucos para explorar os mistérios que se escondem depois da luz. Há milhões de teorias, teses e ideias (no mais das vezes sem comprovações) sobre a vida e a morte dos homens, dos planetas e dos sistemas. As viagens vão se tornando maiores e, com isso, as perguntas, contrariando o que se imaginava, ao invés de receberem respostas concretas e acabadas vão se tornando mais complexas e inalcançáveis.
Alguém que esteja lendo isto tudo pode estar pensando: que se quer abordando estas coisas assim tão distantes? Para que esforço mental tamanho se há coisinhas menores e mais preocupantes nestes tempos de crise econômica e moral? Há questões palpitantes no momento: o avanço do coronavírus, a delação de Moro e Bolsonaro, as crises econômicas, desemprego, o uso de máscaras e álcool gel insistentemente, as seiscentas moedas de socorro do governo que não chega até o cidadão, os desajustes de cá e de lá.
No entanto, há gente suficiente repercutindo tudo isso. Tevê, rádio, sites estão entupidos de matérias sobre as crises do isolamento social causado por um minúsculo, desconhecido, temido e não insignificante ser. Então, saindo deste panorama de mudança social, vamos recorrer às reflexões filosóficas e às especulações sobre a grandiosidade do desconhecido.
Há tantos outros assuntos sérios e de discussão necessária, é verdade. A qualidade dos alimentos que levamos à boca. O sofrimento dos animais que servem de alimento, de cobaia de laboratório para desenvolvimento de medicamentos etc etc etc. As manipulações genéticas que transformam singelos vegetais em bombas de efeitos incalculáveis, desconhecidos e convenientemente esquecidos pela mídia, regiamente financiada pela indústria alimentícia.
Enfim, não precisamos de tanto esforço assim para elencar três ou quatro questões importantes, sem solução e altamente preocupantes. Isto que nem tocamos na questão dos recursos naturais que antes pareciam inesgotáveis, mas hoje se revelam passíveis de esgotamento.
Talvez a espécie humana não viva tanto para encontrar todas as respostas. Há quem aposte que o homem, como os animais que vão se tornando raros e depois desaparecem, é mais um que entrará, mais dia menos dia, num processo de extinção. Ou seja, há teorias que dizem que o homem não é o suprassumo do universo. Não é,como se diz vulgarmente, a última bolachinha do pacote. É, isto sim, mais um entre tantas espécies de vida que existem por aí. Muitas delas invisíveis aos olhos humanos.
Mas, e o universo? E as questões transcendentais? E futuro da espécie? E as dimensões paralelas? E o multiverso? Conseguirá o homem encontrar respostas plausíveis para as intrincadas questões? Ou permanecerão mistérios insondáveis para todo o sempre? Veremos. Ou não!

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