12/11/2010

Uma volta ao passado

Os tempos atuais, ditos pós-modernos, passam numa rapidez assustadora. Claro, os dias ainda contam com 24 horas, os minutos continuam com os tradicionais 60 segundos. Porém, apesar desta inalterável realidade, o nosso dia a dia sofreu sim algumas alterações importantes e que devem ser levadas em conta.  Diferente do passado, quando o tempo parecia escorrer tranquilo, temos muita pressa. E a impressão que fica é que não damos conta de todas as tarefas e nem daremos conta no futuro.
Há movimentos, ainda tímidos, pelo mundo afora, pregando a necessidade de frearmos um pouco o nosso ímpeto pós-moderno. Dizem que, para o bem de nossa saúde física, mental e espiritual, podemos agir com maior vagar, com mais tranquilidade. Os estudiosos do comportamento humano, os antropólogos, os psicólogos, psiquiatras e outros experts afirmam que hoje agimos quase no automático. Estamos imersos em responsabilidades, resolvendo questões comezinhas, questiúnculas diversas sem notar a passagem do tempo.
Respirar com mais vagar, pensar com tranquilidade, exercitar a calma, deixar para depois aquelas coisas que não vão fazer grande diferença são algumas das dicas que nos apresentam. Assim, concluem, notaremos que o tempo flui mais lento, mais gostoso. Talvez não tenhamos tempo para experimentar estas receitas dos especialistas. Metidos que estamos na nossa rotina diária, talvez não seja possível contrariar o costume atual e seguiremos, assim, de roldão, empurrados pela multidão que freneticamente desfila rumo ao atendimento de suas necessidades.
Não sabemos ao certo quando começamos a pisar no acelerador. Não foi, com certeza, no início dos anos 80. Naquele tempo, convivendo ainda com o clima de ditadura, de uma sonhada abertura política, lenta demais para o nosso gosto, os dias pareciam contar com mais de 24 horas. A Rádio Continental, 1120, de Porto Alegre, penava. Sua programação já definhava. As rádios FMs começavam a tomar conta. Começava ali a segmentação do rádio. Rádio popular, rádio para gente cabeça, para a gurizada, para a gauderiada. Não havia e-mail, computador e o telefone fixo era artigo de luxo. O mundo ainda era imenso.
Com o tempo as fronteiras foram sendo diminuídas. As comunicações se aprimoraram de tal forma que um fato ocorrido numa aldeia qualquer ganha destaque instantâneo em toda a Terra. Desta forma nos encontramos aqui todos conectados. Temos toda a informação possível, de qualquer parte do mundo, na frente dos nossos olhos. Coisas boas, coisas negativas, coisas bizarras que ganham destaque e depois somem sem deixar muitos rastros. A cultura do descartável, do interesse momentâneo, da informação aos borbotões. Quem precisa de tanta informação? 
Talvez isso explique a profusão de festas retomando a estética dos anos 80, movimento iniciado há cinco anos em todo o mundo. Acredito que, com isso, paramos o nosso relógio, revivemos boas coisas como os clássicos musicais, revimos algumas imagens, reencontramos alguns de nossos amigos. Ou seja, revivemos um tempo que fica guardadinho num canto chamado saudade. Ainda temos tempo para isto! 

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