Menino Maluquinho, de Ziraldo |
Houve tempo em que a economia deprimia. O processo inflacionário jogava os preços lá no alto, enquanto os salários eram mantidos congelados. A autoestima brazuca andava pelos pés. Com a consolidação da democracia, os ventos mudaram. Melhoria substancial na economia, crescimento do nível de emprego, salários um pouco maiores e melhores condições de vida da população até então excluída. Resultado, crescimento no orgulho das pessoas e aumento na confiança no futuro do país.
Não somos só nós que constatamos essa mudança de perspectiva. Recentemente a imprensa mundial destacou matéria elogiando o país e seu povo. Dizia que as pessoas de outros locais gostariam de ser brasileiros. Mesmo que o trabalho tenha sido informal, despido de qualquer método científico, sempre é importante quando as informações divulgadas sobre nosso país sejam positivas.
Isto faz bem para o Brasil. Faz bem para os brasileiros. Tanto quanto faz mal, a imagem de corrupção, de desorganização, de impunidade, de prostituição infantil, de trabalho escravo, que por vezes pipoca na imprensa internacional.
Enfim, não há somente o que lamentar. Os gringos percebem o Brasil como um país que merece respeito, apesar de suas contradições, de seus desníveis, de seus problemas históricos. Tanto que o país está deixando de exportar mão-de-obra para importar gente qualificada que vê no Brasil uma boa oportunidade.
Ary Barroso, compositor carioca do século passado, se notabilizou na criação do samba exaltação. Aquarela do Brasil, uma das mais marcantes músicas tupiniquins, muito pau levou da crítica pelo seu ufanismo nacionalista. Em seus versos apresenta “esse Brasil lindo e trigueiro, é o meu Brasil brasileiro terra de samba e pandeiro”.
Compositor, locutor esportivo apaixonado pelo Flamengo, pianista, Barroso apresentou ao mundo um povo que não tinha vergonha de ser feliz. Que, apesar de todas as mazelas, encontrava nos costumes nacionais, numa roda de pagode motivos para levar a vida em frente. E, ainda, tinha a audácia de acreditar num futuro venturoso, contrariando a intelectualidade ensimesmada da época.
Ary Barroso talvez tenha sido um visionário. Exagerado, ufanista. Talvez estivesse na distante década de 40 auscultando um futuro brilhante para todos nós. Era, acima de tudo, um torcedor. Alguém que queria um Brasil melhor. Alis, como todos nós queremos! Afinal, como diz na canção Isto aqui, o que é?, tão bem interpretada por Caetano Veloso, “isto aqui, ô ô/ É um pouquinho de Brasil iá iá/ Deste Brasil que canta e é feliz/ Feliz, feliz/ É também um pouco de uma raça/ Que não tem medo de fumaça, ai, ai/ E não se entrega não”.
Que as palavras do mestre ecoem por muito tempo e o povo brasileiro, na sua totalidade, possa cantar a plenos pulmões o orgulho de ter nascido nestes pagos.
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