15/01/2012

Os otimistas e os pessimistas

Há diferenças marcantes entre pessimistas e otimistas. O sedento otimista encontra um copo com um restolho de água e bendiz a sorte. Os olhos do sedento pessimista, por sua vez, captam muito mais a imensidão vazia do objeto desprezando o valor que tem o pouco líquido que jaz no fundo. Enquanto o otimista vê no pouco uma boa razão para vibrar, o pessimista vê no muito que falta uma razão a mais para lamentar.
Nós, os humanos, somos por natureza bipolares. Convivemos diariamente entre o pessimismo e o otimismo. Na grande maioria esta bipolaridade não chega a causar danos. Não é uma disfunção. É um estado normal. Não é exagero considerar mesmo um estado ideal de quem vive alerta. Com os pés no chão. Somos aqueles que não enxergam tudo com cores vivas. Há, isto sim, aqueles dias mais cinzentos, mais escuros, em que a cor teima em sonegar a sua presença.
Assim, nem todas as sextas-feiras são só festa, cervejão, alegria, nem as segundas são o fim do mundo. Há sextas murrinhas, murchas. Há segundas quentes, vibrantes.
Para alguns, no entanto, segunda é o fim do fim. Uma antiga colega chegava no trabalho na segunda com um ar cansado, verdadeiramente sendo arrastada pela sua imensa bolsa. Havia no seu passo um quê de desânimo que se espraiava por toda a repartição. Mesmo o bom-dia era algo sofrido, lento, amarrado. O arrastar de seu espírito dorminhoco impregnava o ambiente. Como num passe de magia, a pressão de todos na ampla sala caia vertiginosamente. Nem o cafezinho, este santo remédio, moderador natural, mostrava ânimo diante da falta de vivacidade da pessoa em questão. Doses cavalares de cafeína não produziam efeito qualquer.
Era uma pessimista incorrigível.
Não sou uma Poliana. No entanto, considero que mesmo naquilo que se vê só mal, o negativo, ainda ali reside algo de bom, de construtivo. Tudo na existência se manifesta em muito mais do que duas faces. Às vezes o otimismo é suplantado pela realidade crua.
Durante a semana, especialmente na imprensa esportiva, o destaque foi a lesão de um atleta, Sorondo, que vive um drama pessoal. Recuperado de uma série de lesões que o vinha privando de uma carreira mais sólida, parecia, enfim, plenamente recuperado. No segundo treino com bola, nova incidência. A realidade pura e simples detonou com o otimismo de muitos e consagrou o pessimismo de outros tantos. Que sina, que história comovente.
Mesmo aqueles que não acompanham o esporte, que pouco caso fazem para a crônica do futebol se sentem chocados com os infortúnios do zagueiro. Uma história que tinha tudo para se tornar mais um exemplo de superação toma o rumo de conto com o fim anunciado. Pena. Muita determinação, uma força imensa, hercúlea, terá que reunir o indivíduo para superar tamanha dor.
Os dramas, como se sabe, fazem parte da vida. Indistintamente atingem otimistas e pessimistas. As reações é que são diferentes. Se os pessimistas naturalmente já esperam pelo pior, os otimistas enxergam nos acontecimentos o início de algo bom. Porém, mesmo os mais otimistas dos otimistas, podem ser acometidos de momentos de fraqueza. Aquela dúvida natural resulta numa pergunta que não quer calar: como vou sair desta? A busca pela resposta pode ser o começo ou o fim. Depende, especialmente, do viés otimista ou pessimista do indivíduo.

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