11/06/2013

A ficção vira realidade

Cena do filme 1984
A ficção mais dia menos dia vira realidade. Em 1984, de George Orwell, Winston Smith é um membro do serviço burocrático do partido externo, funcionário do Ministério da Verdade. Desempenha a nobre e entediante função de reescrever e alterar dados de acordo com o interesse do Partido. O objetivo é controlar tudo o que se dizia, o que se sentia, o que se pensava num estado totalitário. A unificação do objetivo e até do subjetivo. Um sonho dos ditadores de todos os continentes e de todos os tempos. O angustiado e impotente Winston questiona a opressão que o Partido exercia nos cidadãos. Se seguisse o traçado diferente da cartilha, cometia crimideia (crime de ideia em novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento e era vaporizado. Desaparecia.
Isto é uma ficção. Será mesmo?
Apesar dos constantes alertas que nos chegam, normalmente através de e-mails dos nossos queridos e paranoicos amigos, sempre sobra um pouco de incredulidade. Nossos e-mails são rastreados, tudo o que compartilhamos, que curtimos, que externamos no Facebook e nas outras redes sociais estão sendo controlados por alguém. Este poderoso alguém é capaz de reunir todas as informações possíveis a respeito de seus ingênuos súditos e um dia, assim na maior surpresa, receberemos um calhamaço de acusações. Esta data se aproxima. O dia ficará conhecido como O Juízo Final. Não haverá advogados suficientes para fazer tantas defesas.
Em pé, com os músculos cansados, com os pés inchados, os incautos seres sofrerão a tortura suprema. Em uma grande tela luminosa surgirão em alta definição os gracejos mais infantis, as piadas mais infames, as manifestações mais preconceituosas feitas em um tempo em que o mundo era até divertido. Tudo aquilo que um dia foi tranquilo e sereno, produzido e apresentado no mundo virtual ganhando uma dimensão monstruosa. Será um vexame só. Até as comunidades do extinto Orkut “odeio matemática”, “quero exterminar os moralistas”, “sou assim e não mudo um centímetro”, que pareciam pertencer a outro mundo, ganham vida e voltam a atormentar.
De certo modo o noticiário internacional, que aponta a revelação de segredos de estado por parte de funcionário americano, demonstra que o temor que muitos têm em relação à privacidade das comunicações virtuais não é balela de gente que teme à toa. Há um fundo de verdade sim no medo de ser espionado pelo Grande Irmão. São fatos, não meras especulações. O Império separa as mensagens enviadas pelas pessoas, as classifica dentro dos critérios que estabelece conforme seus interesses, forma dossiês com base nos dados coletados e poderá promover acusações no futuro. Quem garante que não?
A história de George Orwell se passa em 1984. Por quê não em 2013? Quem duvida?

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