A história da humanidade é contada a partir dos grandes acontecimentos. Invenções, descobertas, celebrações, pactos e acordos. Sempre haverá a atuação de um grande homem ou, para ser politicamente correto – de uma grande mulher-, por trás de algum acontecimento significativo.
Na verdade, é uma imposição da história oficial a presença de personalidade que vai representar o papel de protagonista. Alguém precisa levar o crédito. Alguém tem que ser o responsável pelos fatos. Com o tempo, os historiadores vão personalizando os acontecimentos de tal forma que restam tão somente alguns nomes. São ícones, verbetes. São sínteses de fatos complexos que foram resumidos à exaustão.
Nos demos conta disso quando fixamos nosso olhar com mais atenção aos fatos que nos cercam. Agora mesmo, ao dedicar algum tempo pesquisando o passado recente do Grêmio Atlético Osoriense, que chega aos 60 anos de fundação, notamos que é significativo o número de pessoas que participam da construção da história pelo mundo afora. Não me refiro à história oficial, aquela que reúne os grandes acontecimentos globais, mas sim aos eventos que por vezes escapam ao nosso olhar. Penso que cada um de nós vai passando por aqui e construindo pequenas histórias. Porém, apesar de pequenos, os fatos vão se tornando marcas na vida das pessoas envolvidas.
Todos os depoimentos colhidos, tanto para o suplemento especial publicado nesta edição quanto para o documentário que está sendo produzido, são carregados de emoção. Há muita entrega, muita determinação nesta gente que investe um pouco do seu tempo na construção de uma instituição comunitária como os clubes sociais.
Há esforço, sacrifício, vibração. Há suor, há inspiração.
O zagueiro durão há muito afastado das renhidas lutas com os centroavantes adversários, lembra que os dias se passaram e que hoje nada é igual ao que foi naquelas tardes de vibração. O tempo passou levando consigo inúmeros personagens que compunham aqueles jogos memoráveis.
Outro se lembra de uma velocidade que não tem mais. De uma habilidade nas pernas que não mais o acompanha. Vibra com gols que marcou há muito tempo atrás. Tem consciência de que chegará o dia em que estes fatos ficarão prisioneiros de sua memória que começa a falhar.
A pequena história das instituições genuinamente nossas precisa ser reavivada de tempos em tempos. É necessário que os fatos marcantes dos nossos clubes, de nossas instituições sejam divulgadas com frequência. Não com o objetivo de criar mitos, de personalizar a história. Mas sim como uma homenagem à vida dos homens e mulheres que, com seus talentos, com seu trabalho, dão uma pequena parcela de contribuição para o desenvolvimento de sua comunidade.
Quem participa de uma pequena história tem o que contar. E contar uma história é viver.
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