Com 10 ou
11 anos queria ser jogador de futebol. Sonhava até em vestir a
camiseta da Seleção Brasileira. Disputar uma Copa do Mundo estava
nos planos. Era um menino sonhador como são todos os meninos.
Rivellino, com sua patada certeira e seu bigodão, cabelos longos e
uma canhota de derrubar os adversários, saia dos jogos em preto e
branco da Copa da Alemanha para os campinhos de pouca grama e muita
areia. Todos queriam ser Rivelino, mesmo que a interpretação fosse
pífia. No meu caso, faltava intimidade com o pé esquerdo e a
penugem que ameaçava aparecer ainda não poderia ser chamada de
bigode.
Havia
outros quase tão bons quanto ele: Beckembauer, Müller,
Cruyff e Neeskens.
Mas eu, quando perdia a alcunha de Rivellino, optava sempre por Lato,
um polonês, com poucos cabelos, mas dono de pernas ágeis e velozes
e, além disso, de raro faro de gol. Em síntese, o atacante tinha
tudo o quanto me faltava nas lides futebolísticas.