Os
pássaros já fizeram seu alarido. E isto começou muito antes de
acordar. Aliás, a vida segue sempre. Não dá
tréguas.
O corpo descansou, é certo. Mas, a viagem foi grande. Tem
sido grande. É estranho. Muito estranho pensa Leonel, lembrando que
tem feito longos trajetos. Esteve em locais que não lembrava mais.
Fez coisas que não sabia. E agora, quando acorda, a impressão que
tem é a de que esteve atuando em um filme. Cenas de violência, de
traição, de guerra, de amizade e de amor.
Porém,
sente que este filme só foi visto por uma pessoa. E que sua atuação
talvez não tenha sido das melhores. Que o roteiro não seja dos
melhores. Que as histórias contadas não sejam das mais
inspiradoras. Mas, a pior sensação é a de que não tem acesso a
esta sala. E, de algum modo, sente com se houvesse certa injustiça
no ar. Leonel gostaria muito de ver esta película. E, quem sabe,
discuti-la. E, quem sabe, reinventá-la. Quem sabe refazer aquelas
cenas que não ficaram boas.
Mas, no
fundo sente que não há injustiça alguma. E, de algum modo, isto o
chateia.