Nos combates dos tempos antigos,
quando os guerreiros se postavam frente à frente, a rapidez na resposta
significava a diferença entre a vida e a morte. Reflexos rápidos, sem
hesitação. Esta era a norma vigente. Um embate desses, não obstante o sangue
escorrendo, era uma verdadeira dança. O ritmo era frenético. Reagir na hora,
antecipando o próximo golpe do oponente, constituía-se uma grande vantagem. Um
segundo de incerteza, de imobilidade, de insegurança, uma resposta lenta e não
haveria tempo para o pensamento seguinte. Os olhos, de uma cabeça decepada, bem
que poderiam assistir ao corpo caindo em câmera lenta, antes que o pretume
tomasse conta de tudo.
Isso
faz muito tempo. A humanidade avançou. Mas, ainda assim, vivenciou períodos de
violência e alguns períodos onde se permitiu alguma paz. As lutas de lanças,
adagas, espadas que impunham uma morte seletiva foram substituídas por embates
com armas mais letais e que atingem indistintamente o benfeitor, o padre, o
enfermeiro, o missionário, o idoso, a mulher grávida e a criança. Povoados destruídos de uma hora para a outra.
Pessoas morrendo sem ao menos ter a consciência de que uma guerra estava em
pleno andamento. A morte chegando de surpresa.
Mas,
mesmo neste novo mundo, onde os embates físicos não são tão frequentes, ainda
persiste a pressa, a necessidade de uma resposta rápida, reflexos apurados e
sem hesitação. Em tempos de comunicação instantânea, onde impera a ideia de que cada um é o dono da verdade,
importa responder no exato segundo seguinte. É preciso ficar ligado. A bateria
não pode falhar. Em alguns momentos, como estes de crise econômica e política,
de incertezas, de desconfianças, verdadeira guerra se trava no mundo virtual.
Não importa quem tenha a razão ou mesmo se alguém tem razão. Importa lançar o
míssil e ouvir o estouro.
Este
clima bélico, onde cuspe virou arma, onde a vaia vira estratégia de
intolerância, vai enfeiando nosso céu. As nuvens, que já eram escuras, vão se
tornando mais e mais escuras ainda.
Qualquer
opinião, posicionamento, defesa de uma ideia vira uma celeuma daquelas. Os
comentaristas de plantão não dormem. Vez por outro não resisto e posto minha
opinião. Mas, em regra, digito algo e apago logo em seguida. Estou me tornando
um especialista em responder e excluir logo em seguida. Os nervos estão
expostos. Melhor não mexer nestas feridas que vão sendo abertas todos os dias.
Pode ser que os barulhentos cansem.
Em
muitos momentos, dou um basta neste movimento virtual. Substituo por alguma
música. Sem guerras, sem pressa, sem cusparadas, sem vaias. Só música. Sem
pressa, sem frenesi.
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