As palavras estão aí e precisam
ser encontradas. Não cabe ao cronista escrever algo no estilo “não tenho
palavras para explicar” ou “não encontrei as palavras”. A coluna do jornal
precisa ser preenchida. Não há como deixar um espaço em branco. Tem que haver
algo publicado ali. De preferência com letras, com palavras e com ideias que,
de algum modo, façam sentido aos leitores. Então, é necessário, é
indispensável, é um imperativo que se escarafunche e que algo seja dito.
Explico: é terça-feira. Uma terça-feira
diferente. O sol sai de vez em quando. Mas, nuvens insistentes cobrem boa parte
do dia. Os sites, os jornais, a tevê, as rádios, as redes sociais. Todos. Todos
estão conectados com a queda do avião da delegação da Chapecoense. Vidas se
foram. Familiares são entrevistados insistentemente. As pessoas querem
explicações. O que houve com o avião? Houve falha humana? O desastre poderia
ser evitado? O clube poderia ter gasto mais algum recurso e conseguido uma
aeronave melhor?