A pressa é uma marca dos tempos
atuais. Tudo é na hora. Não há espaço para depois. Parece que todo o mundo está
com a mãe na forca, como diriam os mais antigos. A comunicação instantânea
talvez tenha contribuído para isso. As respostas têm que, obrigatoriamente,
serem dadas logo após o sinalzinho duplo e azulado aparecer na tela. Minutos
são horas. E horas é a própria eternidade.
Com
a democratização da opinião, através das redes virtuais, criou-se outro mal,
tão prejudicial quanto a pressa: a necessidade de reagir. Parece que é uma
obrigação que todos tenham uma opinião formada sobre tudo, “sobre o que é o
amor, sobre o que eu nem sei quem sou”. Quem não opina tá por fora. E quem
opina, quem toma partido, quem se apaixona pela tese é bem capaz de servir de
cristão aos leões. E os felinos têm uma carência invejável. A fome é grande.
Polêmica, polêmica, polêmica. Por pouco, pisa-se no pescoço e quebram-se os
ossos. Um pouco de exagero, é claro.
Muito
ruído para pouco resultado. É certo que o grande meio de comunicação é a rede.
Eu disse grande não o melhor nem o mais confiável. Confiança é coisa que a
pressa sepulta. Agora mesmo, nestes dias que passaram, nosso país assistiu ao
debate acalorado sobre a sucessão ianque. O topetudo milionário era o azarão.
Teve apressado que lançou manchete dando a outra como ganhadora. Parecia páreo
corrido. Não valia apena nem apostar. Mas, o apesar do jeito desengonçado e das
ideias (convenhamos um pouco estapafúrdias), o menos querido ganhou. E, por aqui, desagradou. E os
especialistas se digladiaram em previsões catastróficas e etc e tal. Como se o
mundo não tivesse sobrevivido a Reagen e Bush.
Aqui,
do meu canto, não ouso ficar dando pitaco no angu dos outros. Apesar do
esforço, mal e mal consigo analisar o carnaval que vivemos onde ladrões se
disfarçam de heróis e heróis de ontem se misturam a ladrões de hoje para
saquear os cofres da pátria amada tão distraída. Neste esforço concentrado, uns
são julgados e outros ficam ainda fazendo pose na capa do jornal. No fim,
talvez pensem algo no estilo: “ainda bem que o contribuinte é pacífico e vai
continuar pacífico, apesar das chapuletadas que vai levando com a diminuição de
direitos e o aumento dos ônus”.
Como
o ano no mundo real avança no mesmo ritmo do virtual, não adianta ficar por
aqui na lamentação e no azedume. O pensamento cria a realidade, diz o mestre.
Então, o melhor é achar um jeito de doutrinar a mente e se afastar um pouco da
pressa das respostas desnecessárias, do debate que não leva a nada e das
expectativas que mais geram frustrações do que outra coisa qualquer. É o que
tínhamos para momento, sem pressa.
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