Recebo cada link, cada postagem,
vejo cada publicação nas redes que vou te dizer. Absurdos homéricos são
divulgados como se fossem informações corretas. “Vamos acabar com o
auxílio-reclusão. Cada preso ganha 1.200,00 por mês enquanto o salário mínimo que
a população recebe é só R$ 880,00”. Tenho recebi coisas deste tipo de virtuais
amigos que cursaram ensino superior, de empresários razoavelmente bem
estabelecidos e de gente deste quilate.
É
tanta informação distorcida, tanta coisa sem valor na rede que já vou
desconfiando de tudo. Mensagens do Pedro Bial, do Arnaldo Jabor nem abro. Até o
Chico Xavier vem sendo trolado com previsões catastróficas com fins de mundo e
outras projeções nada positivas.
Às
vezes até me coloca na posição de auxiliar. Já fiz comentários do tipo: “olha,
essa notícia é falsa. Dá uma olhada no boatos.org”. Mas, já estou achando que o
chato sou eu. Boa parte das pessoas que
navegam no Facebook e no Whats não estão muito preocupados com a veracidade das
informações. Às vezes basta a manchete. E, em muitos casos, a manchete não
fecha com o texto. Ou o site é de humor, mas mantém uma aparência de coisa
séria. E a vida é ganha com acessos. E os incautos vão acessando e divulgando o
conteúdo sem ao menos dar uma conferida superficial no conteúdo.
Meu
esforço em desvendar algumas distorções é visto por muitos como uma chatice.
Não esqueço de um rapaz que não admitia nenhum tipo de ponderação. Postava um monte
de coisas, muitas delas sem pé nem cabeça, e já alertava que não aceitava
mimimi (termo empregado para afastar qualquer ser pensante que possa fazer o
contraponto ou apresentar alguma outra alternativa racional e, assim, abrir uma
discussão menos rasa). E a coisa durou meses. O remédio foi deixa-lo no limbo
não acessando mais nenhum dos seus conteúdos. Eis que suas postagens começaram
a rarear.
Imagino
quem não exercita a paciência no seu dia a dia. Muitos e muitos amigos
simplesmente deixaram de acessar as redes sociais. Ficavam incomodados com
postagens de festas, de férias recheadas de viagens a locais paradisíacos de
gente que lhes deviam uns trocados e, com o tempo, pararam até de
cumprimentá-los. Coisas da vida.
Já
vi coisas grosseiras também. Gente cobrando conta. Casais ou ex-casais lançando
farpas. Mulheres dizendo que o marido não era lá essas coisas. Porém, para a
maioria absoluta, o mundo virtual é o mundo ideal. Ali estão os sonhos. O
melhor sorriso. O sucesso. O melhor ângulo, o melhor filtro. E o que se posta
ali expressa a mais pura das verdades. Mesmo que seja notícia falsa.
Na
vida real não há espaço para tantas ilusões. Não há como editar. Nem sempre o
ângulo mais favorável é o que é visto. Na luta do dia a dia, o improviso
cresce. Sem filtros. Sem curtidas. Sem tantos compartilhamentos.
É
fácil copiar os versos de inspirado compositor popular e postá-los como se as
palavras fossem suas. Copiar e colar é barbada. Criar dá algum trabalho. Difícil
é cantar a própria música.
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