24/11/2016

Copiar e Colar

Recebo cada link, cada postagem, vejo cada publicação nas redes que vou te dizer. Absurdos homéricos são divulgados como se fossem informações corretas. “Vamos acabar com o auxílio-reclusão. Cada preso ganha 1.200,00 por mês enquanto o salário mínimo que a população recebe é só R$ 880,00”. Tenho recebi coisas deste tipo de virtuais amigos que cursaram ensino superior, de empresários razoavelmente bem estabelecidos e de gente deste quilate.
É tanta informação distorcida, tanta coisa sem valor na rede que já vou desconfiando de tudo. Mensagens do Pedro Bial, do Arnaldo Jabor nem abro. Até o Chico Xavier vem sendo trolado com previsões catastróficas com fins de mundo e outras projeções nada positivas.
Às vezes até me coloca na posição de auxiliar. Já fiz comentários do tipo: “olha, essa notícia é falsa. Dá uma olhada no boatos.org”. Mas, já estou achando que o chato sou eu.  Boa parte das pessoas que navegam no Facebook e no Whats não estão muito preocupados com a veracidade das informações. Às vezes basta a manchete. E, em muitos casos, a manchete não fecha com o texto. Ou o site é de humor, mas mantém uma aparência de coisa séria. E a vida é ganha com acessos. E os incautos vão acessando e divulgando o conteúdo sem ao menos dar uma conferida superficial no conteúdo.
Meu esforço em desvendar algumas distorções é visto por muitos como uma chatice. Não esqueço de um rapaz que não admitia nenhum tipo de ponderação. Postava um monte de coisas, muitas delas sem pé nem cabeça, e já alertava que não aceitava mimimi (termo empregado para afastar qualquer ser pensante que possa fazer o contraponto ou apresentar alguma outra alternativa racional e, assim, abrir uma discussão menos rasa). E a coisa durou meses. O remédio foi deixa-lo no limbo não acessando mais nenhum dos seus conteúdos. Eis que suas postagens começaram a rarear.
Imagino quem não exercita a paciência no seu dia a dia. Muitos e muitos amigos simplesmente deixaram de acessar as redes sociais. Ficavam incomodados com postagens de festas, de férias recheadas de viagens a locais paradisíacos de gente que lhes deviam uns trocados e, com o tempo, pararam até de cumprimentá-los. Coisas da vida.
Já vi coisas grosseiras também. Gente cobrando conta. Casais ou ex-casais lançando farpas. Mulheres dizendo que o marido não era lá essas coisas. Porém, para a maioria absoluta, o mundo virtual é o mundo ideal. Ali estão os sonhos. O melhor sorriso. O sucesso. O melhor ângulo, o melhor filtro. E o que se posta ali expressa a mais pura das verdades. Mesmo que seja notícia falsa.
Na vida real não há espaço para tantas ilusões. Não há como editar. Nem sempre o ângulo mais favorável é o que é visto. Na luta do dia a dia, o improviso cresce. Sem filtros. Sem curtidas. Sem tantos compartilhamentos.
É fácil copiar os versos de inspirado compositor popular e postá-los como se as palavras fossem suas. Copiar e colar é barbada. Criar dá algum trabalho. Difícil é cantar a própria música.

                         
                         

                        

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