Reencontro de formandos de 1987 |
Chegamos cedo. Eu e a Marta, minha esposa e colega de formatura. Depois a Jacqueline e sua mãe, a Anita. Aos poucos a turma foi chegando. A Luciane veio de São Paulo. Outros vieram de Porto Alegre, de Capão da Canoa, de Tramandaí, de Santo Antônio. Todos foram recebidos com entusiasmo. Alguns levaram álbuns de fotos que passavam de mão em mão, atestando a história dos filhos crescidos e dos netos queridos. Beijos, abraços, sorrisos. A Madalena não resistiu. Entrou no salão chorando. Chorava pelas duas décadas e tanto de distanciamento. "Vocês continuam iguaizinhos", exagerou alguém lá no canto. "Estas meninas mentem", brinquei com o Paulinho e o Tuta, casados com a Liliane e com a Madalena, desde aquele tempo.
Quando vimos, o salão reservado pelo Claudinho do Restaurante do Dodô, estava repleto. Quem não cola não sai da escola, lembrou alguém,inconfidentemente listando os maiores coladores da turma. Do meu lado, Liliane, Madalena e a Marta tagaleravam sobre as atividades de aula. Destacavam as incursões pelo mundo da pesquisa linguística, pelas escapadelas para um interminável lanche no Papi que rendeu uma represália de uma professora irada. "Tenho uma resposta pra estes engraçadinhos que ficam no bar até tarde e atrapalham a estrutura de minha aula. Exame pra eles!", deve ter pensado. E assim fez.
O frio lá fora era grande. Entre os antigos colegas, o clima era quente. "Onde anda o Cléber?", "e a Magda?". "Lembra aquela vez que escurecemos a aula, acendemos velas e recitamos poemas num trabalho de Literatura?", perguntava com certa ansiedade a Liliane. "Credo fizemos isso?", disse espantado com tanta criatividade. A Madalena confirmava. Mais uma vez minha memória havia me deixou na mão. Porém, minha imaginação não. "Deve ter sido lindo, isso, hein?", suspirei tentando resgatar do fundo da minha mente uma lembrança desta performance poética que protagonizamos. "E aquela vez que tínhamos que discorrer sobre O Gaúcho, do José de Alencar, e a impressão que passava era de que somente a Madá tinha lido a obra na íntegra?". Outra vez fiz esforço danado e nada. Lembravam, agora, que a aflição tomou conta da Madalena e ela mal conseguia falar. Eis que um outro tagarela assumia a palavra vez por outra e, folheando o livro, ia destacando uma ou outra passagem. Gol de placa, parabéns e coisa e tal.
Alguém lembrou que aquele era o Dia do Amigo. Outro destacou que era o primeiro de uma série de encontros. E o tempo foi passando. Depois do almoço, a sobremesa. O cafezinho passado na hora, ali mesmo sobre o fogão que recebia lenha seca a toda a hora. O brinde à vida, os discursos leves como devem ser. Promessas de que algo tão bom tem que se repetir. Fotos na frente do estabelecimento para guardar na memória virtual. Beijos e abraços e um até breve.
Qualquer dia a gente vai se encontrar novamente. E nosso pensamento voará para tempos antigos. Aí lembraremos de histórias que se passaram diante de nossos olhos. Recordaremos tempos outros, distintos dos de hoje.
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