A cidade pacífica onde
os moradores deixavam os carros abertos, onde os muros eram meramente
decorativos e as pessoas sentavam na calçada para compartilhar um
mate, é coisa do passado. São imagens antigas como aquelas velhas
fotos que vão perdendo as cores e o brilho. A passagem do tempo tem
sido cruel com os costumes provincianos. O que se vê hoje, em
qualquer cidadezinha interiorana é o crescimento cada vez mais
intenso no uso dos aparatos de segurança. Cercas, muros, câmeras,
seguranças particulares. Adeus conversa de vizinhos sobre a
cerquinha de madeira.
Aquilo que era
realidade nos grandes centros há décadas, agora faz parte do dia a
dia das médias e pequenas cidades brasileiras. Até nos interiores
do interior, a preocupação com a segurança tem crescido
sobremaneira.
Não é um dado
científico, mas não é difícil concluir que esta mudança nos
costumes em muito é determinada pela proliferação do consumo de
drogas. Mesmo que o progresso, a infraestrutura básica como redes de
esgoto, de recolhimento de lixo e iluminação pública, ainda não
estejam presentes em cantinhos afastados, hoje ali já há registros
de consumo de drogas como o álcool, o crack e a maconha, que são
mais populares.
O consumo, como se
sabe, vai criando um círculo inevitável que leva o dependente a
cometer pequenos furtos para garantir a posse da droga. E o círculo
vai se abrindo, gerando instabilidade no meio, preocupação e medo.
A insegurança vai crescendo cada vez mais.
O fenômeno da expansão
silenciosa do consumo de drogas, especialmente do crack, que é
altamente destrutivo, parece que pegou as autoridades da saúde de
surpresa. Hoje se vive, mesmo numa cidade pequena como Osório, uma
verdadeira epidemia, especialmente nos bairros onde reside a camada
da população de menor poder aquisitivo.
Junte-se a tudo isso, o
despreparo da rede pública para atender este pequeno exército de
zumbis, meninos e meninas esquálidos que caminham pelas ruas da
cidade sem destino, alimentados tão somente pela fumaça de seus
cachimbos. Ao que consta, são poucas as iniciativas realmente
eficazes para a superação do problema.
A partir disso tudo, se
assiste a uma verdadeira guerra pelo domínio de territórios, algo
quer se via somente nos antigos filmes de Hollywood, onde poderosos
chefões abriam fogo contra seus oponentes com o objetivo de ampliar
seus negócios.
E desta forma chegamos
e vivemos, segundo muitos, em plena Era de Aquarius. A sonhada era da
virada, quando finalmente haveria mais paz e mais compreensão entre
os homens. Onde todos irmanados, respeitando suas diferenças,
viveriam em harmonia. Um sonho. Um belo ideal. Um momento especial que tinha tudo para frutificar.
A realidade, no entanto, mostra que nem sempre as boas ideias são capazes de comover a todos. Os belos sonhos ficam, não rara vezes, circunscritos ao mundo idealizado. Desta forma, passadas alguma décadas, o panorama que se vê deixa muito pouco espaço para o pensamento poético e para
as imagens de superação das barreiras individuais. A insegurança,
o sofrimento e o medo ainda persistem com muita força suplantando de
forma sutil os costumes de um passado ingênuo.
Quem sabe não estou
delirando?Saiba mais sobre:
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Cultura Hippie
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