Ele era o mais velho da turma. Tinha dois ou três
anos a mais. E isso para nós era muito tempo. Mas era tão infantil,
tão virgem e tão atrapalhado quanto podiam ser os meninos de treze
anos naqueles tempos. Tudo ainda era sonho. A realidade é que nossa
turminha sonhava. Queríamos aventuras. Amorosas de preferência.
Aventuras é que menos aconteciam. Elas eram idealizadas e vividas
nos mínimos detalhes dentro dos quartos, das salas e nas garagens,
enquanto pais, mães e irmãos ali não estavam. Longe dos olhos dos
outros, liberávamos nossos sonhos narrando em voz alta o que
faríamos nesta e naquela situação.
As meninas faziam parte da turma e de nossos
sonhos. Aos sábados, então, que eram longos, tínhamos tempo
suficiente para ouvir uma música, tomar um café preto, comer um
resto de pão, conversar, caminhar pela cidade a esmo.
Encontrar as meninas da turma era muito bom. Elas
iam se juntando aos poucos. Em dado momento ficavam na frente da casa
de uma delas, brincando, sorrindo e aguardando o resto da turma. E
chegávamos arrastando nossas asas, como franguinhos esperançosos. E
sorríamos. E contávamos piadas. E nos mostrávamos o quanto podíamos,
tentando conquistar alguma atenção. Mendigando, talvez, um carinho.
E nas janelas, de olhos atentos, irmãos mais velhos e pais vigiavam
suas virgens.