O
mundo se movimenta além dos nossos olhos. Há atividade onde nossos
sentidos não percebem. Onde não nos encontramos, aí há vida. O
que não enxergamos pode existir. E, em regra existe mesmo!
Neste exato momento,
imersos em nossas preocupações mais elementares, a vida segue lá
fora. O mundo acontece. A história não para. Em Londres agora são
quatro horas a mais, em Kiev são seis horas a mais; em Manila são
onze horas a mais. Enquanto aqui nos encontramos é possível que nas
zonas em conflito (e há tantas em nossa Terra), algum general esteja
planejando a forma mais correta de lançar um míssil para atingir um
adversário. É possível que um grupo de indivíduos, sintonizados
com os interesses mais mesquinhos e egoísticos, estejam planejando o
ataque terrorista que vai sensibilizar o mundo. E todos acreditam,
sem qualquer porção de dúvida, de que têm razões suficientes que
justificam seus atos.
Por outro lado, neste
mesmo instante, em algum lugar, dois seres, valendo-se da energia
criadora que se espalha pelo Universo se encontram nos prazerosos
atos que darão origem a mais uma vida. Pode ocorrer, também, que,
recolhidos no seu angustiante silêncio, deixem escorrer uma lágrima
ouvindo Ray Charles cantando as agruras de uma paixão que terminou
em Yesterday, dos Beatles.