O inverno não é tão rigoroso aqui quanto parece. Muito embora o vento geladinho tenha adquirido a mania de vir cantando enquanto atravessa a Costa Gama em direção ao Porto Lacustre, podemos concluir que a temporada mais rude daqui até que se comporta bem. Dá uma bagunçada quando mistura vento e chuva, mas, no mais, é francamente suportável. Ao menos para aqueles que têm umas roupas mais apropriadas, um carrinho para se deslocar pela cidade e região e uma casa bem abrigada. Se tiver uma lareira na sala melhor ainda. Se contar com pinhão e pipoca, um sofá e uma conta no Netflix, a situação fica graúda.
Pior é no Alasca. 40 graus negativos quando tá favorável. Nevasca de vez em quando. Se o freezer não estiver cheio de carne e o depósito com lenha até o teto, a situação será no mínimo preocupante. Tem alguns documentários na tevê que mostram o quanto a vida é dura para os que se arriscam por aquelas bandas. A natureza lá não manda recados sutis. Os homens que lá vivem, acostumados com a rudeza, uns dias antes da chegada da neve, vão à luta embrenhando-se na mata atrás de veados. Quando a neve chega, seguem por trilhas distribuindo armadilhas para surpreender pequenos roedores que darão menos carne e mais pele. É a sobrevivência. O homem no seu ambiente mais primitivo.
Por aqui se vive sem freezer. Não é necessário estocar. Se a necessidade é carne, o mercado tem inúmeras opções. Basta ter alguma coisa no bolso que ninguém fica na abstinência. Lá, abatido o animal, o caçador se aproxima e agradece ao Criador por ter o que comer e ao animal por ter ofertado sua vida. Cruel, por um lado. Poético, por outro.
Escrevi tudo isso sobre o frio, o inverno e suas complicações na existência humana e, de súbito, lembro que o inverno nem chegou, ainda. Vivemos dias de outono. Tempos em que as bergamotas amarelas vergam os galhos da bergamoteira ou atopetam as gôndolas da fruteira, diante de uma placa que anuncia o preço de 1,99.
No rádio, hoje pela manhã, enquanto o vento assoviava lá fora empurrando folhas de um velho jornal, o previsor do tempo dizia que vinha por aí um veranico de junho. Sim, isso mesmo: alguns dias onde a temperatura pela manhã cedo será sempre inferior a dois dígitos, mas, no decorrer do dia deverá bater em 20 e 21 graus. As luvas, os cachecóis, as polainas serão substituídas momentaneamente por camisetas que foram usadas no verão.
Duvidei na hora. Mas, depois, já comecei a acreditar que isso possa mesmo acontecer.
O mundo tá de cabeça para baixo, dizia a vovozinha. Não duvido. A gente vê cada coisa acontecendo que não dá mais para duvidar. Para muitos é o fim dos tempos. Para outros os novos tempos estão chegando.
No rádio, hoje pela manhã, enquanto o vento assoviava lá fora empurrando folhas de um velho jornal, o previsor do tempo dizia que vinha por aí um veranico de junho. Sim, isso mesmo: alguns dias onde a temperatura pela manhã cedo será sempre inferior a dois dígitos, mas, no decorrer do dia deverá bater em 20 e 21 graus. As luvas, os cachecóis, as polainas serão substituídas momentaneamente por camisetas que foram usadas no verão.
Duvidei na hora. Mas, depois, já comecei a acreditar que isso possa mesmo acontecer.
O mundo tá de cabeça para baixo, dizia a vovozinha. Não duvido. A gente vê cada coisa acontecendo que não dá mais para duvidar. Para muitos é o fim dos tempos. Para outros os novos tempos estão chegando.
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