A impressão que se tem nestes
dias é de que vivemos em uma embarcação perigosamente lançada em meio a
corredeiras. O capitão tem pouca prática. Os marujos, da mesma forma, são
especialistas em juntar tesouros, porém, mal sabem executar as tarefas que
garantam alguma segurança à tripulação.
O serviço que importa este momento: cruzar as águas violentas e
traiçoeiras não é prioridade. Estão todos, capitão e marujos, preocupados em
posição de defesa, escondendo os baús cheios de moedas de ouro e pedraria que
amealharam aqui e ali. Faz-se irritante silêncio. Dizem as más línguas que
acordos são costurados aqui e ali. Muito confete, muita serpentina, muita
manchete e ações deliberadamente lentas para um lado e rápidas para o outro. O
enredo é arrastado. Os mocinhos são canastrões. Só os ingênuos não enxergam que
estamos diante duma peça de teatro mal ensaiada. Os atores são medíocres. Mas
convencem quem quer se convencido.
Dentro de
quantos anos, ou décadas, nosso país sairá desta enrascada? Quando, enfim,
chegará um momento de alguma estabilidade por aqui? Quais os próximos capítulos
desta longa e já nem tão emocionante trama? Vamos segurar alguma ponta aqui
para estourar outra lá?
Não sei
responder por que do futuro nada sei. Aliás, do presente também pouco sei.
Desconfio. Só desconfio. Minha porção paranóide, porém, me aponta que podem
existir pactos e mais pactos envolvendo gente engravatada e de fala mansa,
gente com a câmera na mão e microfone em punho, distintos senhores com capas
pretas e olhares seguros de quem sabe o que é direito e o que não é,
economistas mais preocupados com os humores da bolsa e com a concessão de algum
patrimônio para ser explorado por um competente parceiro de Trump. Sei lá, são
tantas variáveis que já não dá nem para acompanhar de perto esta novela com
tantos personagens agindo ao mesmo tempo e tantas tramas paralelas.
De tanta gente
envolvida, de vez em quando alguns personagens somem sem deixar rastro. Onde
andarão estes seres vestidos de verde e amarelo que mandaram suas empregadas
baterem nas panelas bem durante o Jornal Nacional? Talvez dê uma reviravolta e
alguns deles apareçam apoiando algum candidato a ditador ali na frente. Sabe-se
lá o que vem pela frente.
O Brasil
desafia a lógica. A lógica por aqui parece ser o avesso.
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