Aqui na cidade, como em todos os
lugares da pátria, qualquer terreno baldio apresentava o potencial para
transformar-se em um campo de futebol. Não havia muita coisa para fazer naquele
tempo. Uma bola qualquer, de plástico, de couro, murcha, judiada, não importava
a condição, desde que fosse mais ou menos parecida como uma bola, já servia
para reunir um pequeno grupo de guris de idades diversas que suariam o tempo
necessário para matar a fome.
Se
bola não houvesse, alguns jornais amassados dentro de um saquinho de leite até
resolvia de algum modo a situação. Era um remendo, uma improvisação
desesperada. Não era uma solução. O problema é que ficava uma ponta no local
onde o saco de plástico era amarrado. Quando subia pouco ganhava um efeito
muito doido gerando incerteza para o goleiro. Além disso, a delicada criatura
rompia-se facilmente quando o chute era mais forte.