20/12/2018

A força das palavras

"Diante do resultado atingido no experimento, além de tudo o que se conhece sobre os efeitos da força impulsionadora da linguagem no contexto humano, pode-se afirmar que as palavras repetidas como mantras carregam energia capaz de contribuir para a construção de realidades".


As palavras carregam algum peso. Algumas expressões mais do que outras são marcantes pela carga que expressam. O que num momento primeiro pode parecer um ajuntamento de letras, na verdade, é um veículo condutor de energia. Não é blá-blá-blá, não! Há estudos empíricos ou nem tão empíricos assim que demonstram a força emanada pelas palavras. De algum modo, pode-se afirmar que a expressão linguística se não é por si só determinante, ao menos pode influenciar no resultado conquistado.

Um desses experimentos foi realizado pelo pesquisador japonês Masaru Emoto, que separou amostras de água em pequenos frascos e gravou neles palavras como “amor”, “ódio”, “paz”, “serenidade”, “conflito”, “tristeza”, “alegria”. Passado algum tempo, Emoto congelou rapidamente a água das amostras e realizou exame no microscópio os cristais formados pelas moléculas de água. Ocorre que, as moléculas das amostras com palavras positivas apresentavam formas harmônicas e cores suaves, enquanto as amostras com palavras negativas apresentavam formas irregulares e uma coloração agressiva.
Diante do resultado atingido no experimento, além de tudo o que se conhece sobre os efeitos da força impulsionadora da linguagem no contexto humano, pode-se afirmar que as palavras repetidas como mantras carregam energia capaz de contribuir para a construção de realidades. Ocorre que o corpo humano conta com mais de 70% de água, sabidamente condutora de energia. Então, repetir exaustivamente palavras com carga negativa resulta na construção de uma realidade negativa. Além disso, toda a energia emanada, seja por palavras, por pensamentos, por sentimentos, entre outras formas, influenciam no meio.
Num destes desenhos animados que eram cultuados nos anos 70 e 80, da Hannah Barbera, repetidos à exaustão na programação das tevês de então, a hiena Hardy contrastava com o otimismo do leão Lippy. Enquanto Lippy via a vida com lentes coloridas, impulsionando suas ações com uma expectativa sempre positiva, Hardy carregava o peso determinante do pessimismo. Dublado por Lima Duarte, a versão brasileira cunhou o bordão “oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!”. O contraste entre as visões de mundo de cada um dos personagens virou assunto nas faculdades de Psicologia: de um lado o otimismo, a alegria e a certeza de que, independentemente do que vier, o resultado será positivo; do outro, a derrota, o problema e o fracasso antevistos e aguardados.
Por falar em fracasso: quer palavra mais determinante do que essa? Nos dias de hoje, fracasso é tudo o que não deu certo, o que falhou, o erro cometido, o insucesso. De algum modo, é muito diferente do que a palavra significa em italiano. Lá na Itália fracasso significa quebrar. Uma bola que atinge uma vidraça ou um vaso que se espatifa no chão causando um barulho assustador. Isto é o fracasso italiano. O fracasso por aqui é mais grave. É a quebradeira total, a falência, uma desgraça enorme.
Mesmo não pronunciada, a palavra pode contribuir para o estabelecimento de um padrão, conduzindo para um estado de realização ou de estagnação. O próprio pensamento influencia na criação deste estado. A repetição de mantras, mesmo que mentalmente, como “não consigo”, “não sou bom”, “não tenho capacidade para isso”, “não tenho talento”, “eu não mereço”, “eu não sei”, “eu não posso” criam barreiras que limitam a ação do indivíduo.
Não significa que só pensar e mantralizar coisas positivas vá determinar o sucesso do indivíduo. É óbvio que a pessoa precisa suar a camiseta, trabalhar para que as coisas aconteçam. Ou seja, o mantra deve ser acompanhado de um ato, uma ação, um esforço. Sem isso, o processo tende a não se completar na prática.
Culturalmente, este período de Natal e Ano Novo, é carregado pelas melhores mensagens que se pode compartilhar: afeto, compreensão, compaixão, amizade, valorização do amor, respeito, bondade, entre outras expressões, estão por aí nas propagandas massivamente divulgadas pela mídia. Uma vida mais leve, centrada muito mais naquilo que vale a pena. Isso, de algum modo, gera um ânimo muito diferente do que aquele existente em outros períodos do ano. Mas, como disse, as palavras por si só não determinam a realidade, elas contribuem. Bom seria se o esforço humano fosse grande de tal forma que elas ganhassem um poder maior e atravessassem o ano todo. Sonhar e imaginar não custa nada. Afinal, sonho e imaginação sempre estão presentes no processo criativo.

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