Ao contrário do que se imagina, o brasileiro é um indivíduo que
sabe valorizar sua pátria. E esse patriotismo sempre esteve
relacionado às conquistas. Jamais com governantes. Jamais quando se
sente obrigado. Nos anos 80 e 90 o Brasil era só festa e reverência
à sua bandeira e ao seu hino. Ayrton Senna, Nélson Piquet, o vôlei,
o basquete, a vela traziam alegria e satisfação. Nem o mais tosco
deixava de se emocionar quando a bandeira subia se destacando ao lado
de potências esportivas. Fórmula 1, natação, Daiane dos Santos e
seu salto duplo twist carpado, o Manezinho Guga e suas tacadas
certeiras, Brasil nas copas sem tantas firulas, dando gosto de ser
ver. Era orgulho puro. Não havia necessidade de major, de general,
de governante dizer nada. A alegria contagiante valorizava o país.
As pessoas deixavam o coração falar. Sem memorandos internos, sem
ordens, sem circulares.
Não sei ao certo qual a pior contribuição que os governantes de
hoje deixarão como legado. O jogo apenas começou. Há muito terreno
pela frente. A reforma proposta na previdência social pode ser
aprovada pelo Congresso do jeito que está. Os reflexos serão
sentidos no futuro. Por ora, pouca coisa muda. As gerações mais
novas é que sentirão na pele a vontade obsessiva em desonerar o
capital e terminar com a expectativa de uma vida razoável na
aposentadoria. Isso, claro, para cidadão comum. Se as contas
fecharem, se houver superavit e o mundo empresarial esfregar as mãos
diante de estatísticas de lucros crescentes é o que interessa. As
pessoas: essas são meros detalhes. São privilegiados.
Ocorre que, mesmo que pouco provável, deputados e senadores poderão,
milagrosamente tornarem-se seres sensíveis abrandando um pouco a
proposta, amenizando o texto, especialmente na parte mais massacrante
que atinge a população mais carente.
Por ora, creio que a pior contribuição está relacionada aos
professores. Os governantes e seus milicianos virtuais detestam
professores. Identificam os males da nação nos papos de sala da
aula. É uma paranoia inexplicável, coisa doentia. Pelas conclusões
desta turma os professores têm um poder extraordinário sendo
capazes de doutrinar um sem número de pessoas jogando seus pupilos
nos braços de ideologias que fazem muito mal ao país. Melhor educar
pelo WhattsApp e pelas postagens falsas do Facebook. Esta estratégia
é bem mais em conta e mais rápida.
Um dos principais problemas do país é a educação, mesmo. Faltam
investimentos pesados na melhoria da escola pública, nos salários
dos professores, na qualificação técnica dos mestres. O presidente
Temer foi o responsável pelo congelamento de investimentos por 20
anos. Houve quem comemorasse esta “conquista”. A verdade é que
só o processo educacional será capaz de trazer novos dias para o
país. A sala de aula não é o problema. É, na realidade, onde as
soluções nascem. Também é por aí que se conquista cidadania e
respeito à Pátria. Forçar patriotismo, reverência a símbolos
nacionais e religiosos na sala de aula editando medidas coercitivas
é, no mínimo, uma demostração ditatorial.
O dogmatismo, em regra, tem como objetivo evitar qualquer tipo de
contestação. Igrejas e grupos políticos usam com frequência
expedientes proibitivos para evitar que o indivíduo pense. Melhor um
sujeito que abaixe a cabeça e faça o que eu mando do que alguém
que se arvore ao direito de questionar. Aceita mesmo com dor. É
melhor assim.
Os tempos são estranhos. A treva, diz alguém. A dicotomia Gre-Nal
tomou conta do Brasil. Não há meio termo. Ou se ama o que está aí
ou se quer o fim da pátria. Ou se cala ou vai para Venezuela. Não
há alternativa viável além da bipolaridade. Este sistema hermético
é limitado, pobre, gera nervosismo, conflito desnecessário e gasto
energético. É estressante e pouco inteligente.
O mundo aí fora demonstra todos os dias que há milhões de
possibilidades. O Universo continua se expandindo. A Terra viaja a
incríveis 107 mil quilômetros por hora ao redor do sol e 1700
quilômetros por hora em seu próprio eixo. Ou seja, o mundo está em
constante mudança. Para onde vai não sabemos.
Os professores de história terão muito para contar no futuro. Isso
se não forem eliminados antes que o futuro chegue.
Observação: há controvérsias:
"O patriotismo é o úlitmo refúgio do canalha". Dr. Johnson, pensador inglês.
"No Brasil, é o primeiro". Millôr Fernandes, pensador de Ipanema.
Patriotismo é quando o amor ao teu próprio povo vem primeiro. Nacionalismo é quando o ódio pelos demais povos vem primeiro. Charles De Gaulle
"Depois da liberade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria". François-René Chateaubriand
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