06/09/2019

Brincadeira tem hora


O avanço tecnológico influencia o dia a dia das pessoas. Disso não restam dúvidas. O mundo de hoje é outro. Muito diferente do mundo dos nossos avós e dos nossos pais. Diferente também do mundo vivido por qualquer pessoa com mais de 35 anos de idade. A infância, a adolescência, a juventude. Tudo tem sido aprimorado com as ferramentas da época.
Sempre foi assim. Nossos avós quando crianças brincavam com o que tinham por perto. Em regra o requinte não imperava. Brinquedos eram caros e raros. Coisa de rico. De morador da cidade. Assim, qualquer pedaço de madeira, qualquer forquilha, qualquer pedaço de corda ou resto de alguma coisa virava um brinquedo. Valia mais a criatividade do que qualquer outra coisa. Isso quando brincavam! Nas zonas rurais iam para a roça com tenra idade. Cresciam no meio da plantação, mexendo com bois, vacas, porcos e ovelhas. Era o que se apresentava no momento.

As exigências e os recursos hoje são bem outros. As brincadeiras foram sumindo aos poucos, restando algo parecido nos recreios escolares ou na tentativa pedagógica da professora da escolinha que ainda se esforça para manter as cantigas e ou que outra brincadeira realmente infantil. Não resta aqui definir o que é melhor ou o que é pior. Este tipo de busca torna-se dispensável. A constatação é uma só: o mundo mudou. E continuará mudando. E mudará sempre. Hoje este impulso é mantido por uma ávida indústria que identifica numa criança recém-nascida uma consumidora em potencial.
E a tecnologia é mesmo fascinante. Criou inúmeras facilidades. Invadiu o dia a dia e tornou-se indispensável. Tudo muito rápido. Tudo na palma da mão. Livros, músicas, filmes, mensagens tendenciosas, fofocas no grupo familiar. Curtição e compartilhamento. Quer coisa melhor?
Ocorre que hoje muito tempo é gasto nas redes sociais e nos aplicativos. Usa-se e abusa-se. E, convenhamos, não tem muito como que ser diferente. O mundo todo está ali. E só esperando um clic. Às vezes, claro, nem se percebe isso. Mas, bastou falhar o wiffi da casa que todos vão notar na hora. Estamos todos enredados. Todos conectados. Tanto é que qualquer criança com um ano de idade já sabe que o telefone celular da mãe ou do pai esconde um mundo fascinante. Afinal, eles vivem com o aparelho na frente dos olhos, mesmo quando estão fazendo outra atividade. Alguns colocam o celular no lado do prato para não perder nada. Uma garfada e uma olha para a atualização do Whatts, outra garfada e é o Face que atualiza. Exagero meu, claro. Isso nem acontece.
Há restaurantes e bares descolados nas metrópoles que exigem a entrada dos clientes com os aparelhos desligados. Outros criaram locais para depósito das maquininhas. Outros ainda dão descontos para quem abandonar por alguns minutos os aparelhos. Especialistas já falam em síndromes relacionadas ao vício das redes sociais por adolescentes e mesmo adultos.
Nos tempos passados brincadeira tinha hora. Hoje o smartphone garante diversão ininterrupta. Basta uma conexão.

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