No princípio, as redes sociais
tinham como objetivo conectar as pessoas. Assim, através de meia dúzia de
pesquisas descobriam-se colegas de ginásio, vizinhos antigos que tinham partido
e não davam mais notícias há anos ou décadas. Talvez um antigo amor que se
perdeu no tempo e no espaço. Membros da família que tinham se desgarrado. Foi
uma verdadeira revolução de costumes. Era a descoberta de uma ferramenta de
fácil utilização. O finado Orkut, que durou 10 anos, foi a pré-escola das redes
sociais. Compartilhar fotos da infância e os acontecimentos mais marcantes da
semana era o que se queria. Assim, a rede era pouco mais que um álbum de fotos.
O ápice foi a criação de comunidades com seus nomes e objetivos estranhos. Sem
contar na possibilidade de manter uma agenda atualizada com os aniversários dos
amigos mais próximos e dos nem tão próximos assim.
Os
tempos hoje são bem outros. É claro que muitos se valem das redes atuais no
mesmo intuito do primitivo Orkut. Desejam encontrar pessoas, estabelecer
contatos, compartilhar seus momentos mais felizes e, em alguns casos, expor
suas lamúrias, suas contrariedades e estranhezas.
Porém,
às vezes, o mundo virtual tem se transformado em ringue. O hábito de
compartilhar e comentar nas redes sociais pode virar um tormento. Verdadeiras
guerras têm se estabelecido por coisas que não são assim tão importantes. Dedos
nervosos estão, em muitos desses casos, a serviço da intolerância, da discórdia
e de uma boa briga. E o que apimenta o ambiente são as questões relacionadas à
religião, à política e ao futebol.
Em
relação à religião sabemos que todos os livros sagrados e todas as filosofias
de vida pregam com todas as palavras como ponto forte para o crescimento
espiritual dos seres a tolerância. Ou seja, aceitar o outro com suas
características próprias. A pauleira come solta exatamente porque os
internautas se colocam como deuses e do alto de suas sabedorias começam a
determinar exatamente o que cabe e o que não cabe. E um bate papo banal vira um
caldeirão de xingamentos. E, no final das contas, a raiva vence.
Neste
ambiente irado prospera também a intolerância política. Notícias falsas, ódios
represados, interesses conflitantes vão gerando intrigas e mais intrigas. Noto
que amigos calmos, tranquilos e, aparentemente equilibrados, transformam-se em
gladiadores no mundo virtual. Seus dedos lançam mísseis que tendem a eliminar o
argumento do outro, transformando a rede social numa guerra desnecessária.
comentários irados atingem o humor do indivíduo. Por conta disso, tenho reduzido ao máximo o tempo gasto no mundo virtual. Muito embora seja inevitável o acesso às redes sociais nos dias atuais, ninguém é obrigado a respirar este ar tóxico. Buscar um ar mais saudável é uma obrigação que me imponho.
Mais sobre o tema:
Estudo sobre expressar raiva
Intolerância nas redes sociais
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