Os
meios de comunicação influenciam sobremaneira na forma como as
pessoas se manifestam no seu dia a dia. Há algumas décadas, a
informação circulava com alguma lentidão. Houve um tempo em que os
maneirismos dos programas de tevê, os bordões dos programas
humorísticos, eram incorporados no vocabulário da molecada e mesmo
dos adultos sem noção. “Vai pra casa, Padilha!”, “tem pai que
é cego!”, “e o salário, ó!”, “o macaco tá certo!”,
“Cacildis”, foram algumas dessas expressões criadas por
humoristas como Jô Soares, Chico Anysio e Mussum que os meninos
gostavam de usar no meio de suas conversas um tanto quanto
despretensiosas. A ingenuidade ainda dava as caras.
A tevê,
apesar de ver sua força reduzida com o advento da internet, ainda
mantém certa importância no processo de comunicação de massa,
especialmente entre os mais velhos. O público jovem, no entanto, é
mais chegado na mensagem instantânea. As ferramentas de mensagem e
os aplicativos de vídeo se prestam mais à difusão destas mensagens
que viralizam. Normalmente são pequenas bobagens, tropeços de
qualquer ordem, zoações sem sentido, pequenas sacações ou, ainda,
ações que reafirmam preconceitos e ideias prontas.
Os
memes estão aí. Volta e meia uma imagem, um trecho de música, uma
coisa qualquer se espalha como um vírus e varre o mundo ganhando
versões em todas as línguas, atingindo gente da metrópole, da
pequena cidade ou da tribo que, apesar de distante, encontra-se
conectada. Engana-se quem acredita que o termo meme foi criado por
algum nerd que vive escondido atrás de uma tela de computador. Nada
disso. Foi um biólogo inglês, Richard Dawkins, na obra O Gene
Egoísta, quem deu as linhas básicas para esta criatura que, segundo
ele, é uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma
autopropagar-se.
Outra
contribuição dos tempos de comunicação rápida é a reação. As
redes sociais são um verdadeiro caldeirão, pois dão voz tanto ao
sábio quanto ao tacanho. E contestar é a palavra da vez. Um
comentário qualquer, uma vontade, uma opinião, um sim ou um não,
tudo o que for colocado no caldeirão tende a ferver. Conservadores,
fundamentalistas, descerebrados, desequilibrados ou contestadores
profissionais até parece que ficam esperando alguma postagem para
meter a colher. É uma paixão desmedida, uma necessidade em ter
razão que vou te contar.
Como
tudo tem duas vias, o que acontece lá na rede tende a se transportar
para o mundo material. Então, nos dias de hoje, qualquer coisa dita
pode virar uma celeuma, uma discussão interminável gerando sempre
certa apreensão. Há de se ter muito cuidado com o que se fala, com
o que se propõe. Foi-se a naturalidade. Criam-se teias de
subjetividade onde o que existe é o objetivo.
No meio
de tudo isso, há grupos enormes que simplesmente abandonam as redes
sociais, desligam a tevê, deixam de opinar porque a verdade está
posta. O mundo do conhecimento caminha na direção da verdade
múltipla. Por aqui, a verdade acompanha aquele que grita, que ameaça
e que vive como um soldado da milícia que busca aniquilar o outro.
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