Desde que o novo governo assumiu o comando do país em janeiro deste ano, infelizmente, vários episódios contra a liberdade de imprensa vem trazendo prejuízos para a nossa democracia, ao acesso livre às informações e deixando o trabalho jornalístico cada vez mais tenso e difícil. Nesta última semana, presenciamos mais três formas indiretas de ataque à liberdade de imprensa. Dois jornalistas e um comentarista de grandes veículos de comunicação do país foram afastados e ameaçados nas suas funções de comunicadores.
No mais recente caso, Paulo Henrique Amorim, depois de 13 anos, foi afastado da função de apresentador do Domingo Espetacular da Rede Record de TV. O jornalista é um crítico do atual governo e usa as suas redes sociais para fazer as suas análises políticas. Antes dele, a apresentadora do SBT, Raquel Sheherazade, jornalista, foi alvo do ataque de um dos principais patrocinadores do canal, Luciano Hang, proprietário de uma rede de lojas espalhada pelo país. Ele pediu que o SBT demitisse a jornalista pelas críticas feitas por ela nas suas redes sociais contra o governo Bolsonaro.
Outro caso recente, ocorrido há algumas semanas, o comentarista do Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan, o historiador Marco Antônio Villa, também foi afastado do programa radiofônico após críticas ao atual governo. E assim, vão sendo “calados” os jornalistas que fazem o contraponto em veículos de grande alcance da massa. Existem outras formas indiretas de tentar calar o trabalho jornalístico ferindo a liberdade de imprensa como pedidos de quebra de sigilo de fontes ouvidas em reportagem, assim como a retirada de circulação de matérias publicadas.
Em abril passado, quem não lembra da determinação do ministro do Superior Tribunal Federal – STF, Alexandre de Moraes de que fosse retirada dos sites da Crusoé e O Antagonista uma reportagem sobre o presidente do STF, o ministro Toffoli? Não precisa existir um departamento de censura, bastam ações como as que estão acontecendo agora para configurar, sim, um ataque à liberdade de imprensa e ao trabalho jornalístico.
Segundo dados da ONG Repórteres Sem Fronteiras, em um ranking divulgado em abril deste ano, sobre a liberdade de imprensa, na lista de 180 países, o Brasil ocupa a 105ª posição. O próprio governo, na solenidade de posse do atual presidente tratou os jornalistas de forma desrespeitosa e constrangedora, gerando, inclusive, a publicação de uma nota da Federação Nacional dos Jornalistas (https://fenaj.org.br/novo- governo-desrespeita- jornalistas-e-ameca-liberdade- de-imprensa/ ).
Uma letra da música do Caetano Veloso, Divino Maravilhoso, escrita em 1969, no auge da ditadura no Brasil nunca foi tão atual como agora: “É preciso estar atento e forte/Não temos tempo de temer a morte”. Uni-vos e sigamos com o nosso trabalho, queridos e corajosos colegas jornalistas.
*Crônica publicada originalmente no Caderno Mundo das Ideias, edição de junho de 2019, encartado no Jornal Bons Ventos.
*Crônica publicada originalmente no Caderno Mundo das Ideias, edição de junho de 2019, encartado no Jornal Bons Ventos.
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