Máquinas – Dia desses navegando despretensiosamente fiquei
atraído por um curso virtual. Curiosidades daquelas que surgem e
somem. No entanto, contrariando a regra, levado pelo impulso, cliquei
no banner do anúncio. Informei meu e-mail para receber informações
e mais alguns dados de identificação. Segundos depois, recebo uma
ligação já se referindo ao interesse manifestado. Com um ou dois
cliques fui transformado em um cliente em potencial. Do outro lado da
linha, chegava a informação de que o preço anunciado na internet
sofria ali naquele instante uma redução de 30%. Para seduzir ainda
mais, o valor, com desconto, era parcelado extensivamente no cartão
de crédito em prestações muito suaves etc etc etc. Não tinha como
ficar de fora. “Rápidos no gatilho, pensei”.
Homens - Dia desses necessitei de um atendimento na área de
saúde. Liguei para o número do profissional. A secretária anotou a
solicitação e ficou de dar um retorno em seguida. Tinha alguma
urgência. Na verdade, tinha uma grande urgência. Passou um turno
inteiro e nada de contato. Foi inevitável fugir da comparação com
os robôs da internet que estão sempre a postos, não cansam, não
desanimam e dão a resposta prometida ou não em segundos.
O aprendizado – É claro
que não há como se exigir um atendimento robótico no dia a dia.
Afinal, conforme a natureza do trabalho e do sistema empregado, não
há como competir com as tecnologias de ponta. Os robôs não sofrem
interferências. Não há dores de cabeça nem indisposições nem
distrações com as redes sociais (eles estão em conexão permanente
com a rede). Porém, é de se esperar que estes novos tempos
possibilitem certo aperfeiçoamento no atendimento das demandas do
dia a dia.
Ironia – A grande luta dos
engenheiros que estão por trás das inovações tecnológicas é
dotar os sistemas virtuais, de alguma forma frios e distantes, em
algo mais humano. Corresponder às expectativas de quem está do
outro lado é a norma. De algum modo, a máquina vem aprendendo com a
gente. Por ironia, quanto mais aperfeiçoado for este sistema menos
presença humana será necessária nos serviços básicos. Se a
máquina está aprendendo com a gente não é menos importante que o
processo seja levado a sério também na prestação de serviço e,
assim, os profissionais humanos também comecem a aprender com as
máquinas. A atenção e a reposta com alguma brevidade fazem bem,
especialmente quando a necessidade é premente.
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