Crônica publicada originalmente no Jornal Bons Ventos, em homenagem ao Dia do Professor, em 2009.
A tarefa do educador está historicamente ligada aos mestres gregos. Coube aos sofistas a missão de levar conhecimento às massas. Como a sociedade grega exigia dos cidadãos algum esclarecimento para a tomada de decisões, os sábios, em troca de remuneração, ensinavam as artimanhas da persuasão e da retórica. Neste processo, era incentivada a construção de um discurso aparentemente consistente, mesmo que formado por premissas falsas. Sócrates e Platão, no entanto, destacaram nos sofistas esta conotação de falsidade. Porém, é inegável, que contribuíram decisivamente para a instituição do processo de educação formal.
Longe da reverência que sempre tiveram, do respeito que tradicionalmente detinham, nossos professores sofrem com gerações cada vez mais rebeldes, mais exigentes, mais arrogantes, insubordinadas, desconhecedoras dos inevitáveis limites para uma convivência mais harmônica entre os pares.
Os professores vivem tempos de grande preocupação. Violência, assédio moral e humilhação formam um quadro conhecido por muitos de nossos atuais mestres. Não é só coisa de metrópole, de grande centro. Enganam-se aqueles que acreditam que aqui mesmo, neste pedacinho de chão tão pacato, às vezes ainda provinciano, não se registram as ocorrências deprimentes de desprezo, de falta de educação, de distorção de valores, envolvendo nossos jovens nas relações diárias nas salas de aula.Sei que não são raros casos de meninos e meninas, fedelhos, ameaçando professores, dizendo “meu pai é quem paga teu salário”. O discurso inconsistente, no entanto, parece ter sido construído no recesso do lar, com o beneplácito da família. É uma situação estranha, com certeza. Pelo menos para nós que ainda tivemos a oportunidade de estudar num tempo de respeito e reverência aos mestres. Sabemos, no entanto, que a criança, nos dias atuais, recebe uma gama infindável de conhecimentos. Além das relações familiares, onde estes valores morais são transmitidos com mais intensidade, conta com o acesso facilitado aos meios eletrônicos, livremente, sem qualquer controle, sem censura. Aí é bombardeada por conceitos de todos os lados, recolhendo os subsídios (nem sempre os mais nobres e corretos) e os incorporando na sua vida.
Minha memória não é das melhores. Porém, sem muito esforço posso destacar alguns nomes que estão gravados de maneira irremovível na minha história. Gente como Marli Scholl, Benito Isolan, mestre Laboriou, bem como a eterna professora primária Marieta, que felizmente estão aqui entre nós. Alguns, porém, já deixam esta existência, deixando saudade, como o multidesportista Rutílio Kestering e David Fleck, que sempre destacou as causas e consequências dos fatos históricos. Lembrando alguns destes mestres, homenageio a todos aqueles que estão empenhados nesta sublime missão de levar o conhecimento e, além de tudo, influenciar na formação de uma sociedade melhor. É uma tarefa daquelas, de difícil execução, mas possível, especialmente aos dotados de talento, de determinação e de grande senso de compreensão.
Parabéns professores e professoras, mestres e mestras. Não há como conceber uma sociedade mais harmônica, mais humana e mais justa sem a presença de vocês. Sem professores, não haverá futuro!
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