Na minha adolescência era comum utilizarmos a expressão “cara”. Era uma gíria que usávamos para cumprimentar os amigos e conhecidos, substituindo o nome do indivíduo. “E aí, cara, como vai?”. A palavra cara nos desobrigava de saber o nome das pessoas, pois todos os rapazes cabiam naquela expressão. De certa forma havia um estreitamento nas relações, inclusive com aqueles que não conhecíamos muito bem. Era muito fácil dizer: “E aí, cara?!”.
Agora até as meninas usam o cara. Claro que o costume não é o mesmo. Na realidade é uma corrupção do termo Caraca usado para substituir um palavrão muito parecido com carvalho. O uso intenso nasceu dos costumes novelísticos.
Existem caras legais, caras não muito legais, caras corruptos, caras chatos e caras simpáticos. Mas só alguns são “O Cara”. Estes são os destaques da escola de samba, o orador da formatura, o nota dez da turma, o craque do time e o bonitinho da galera.
Nos dias de hoje, após as eleições gerais do final de semana, O Cara não é a Dilma nem o Serra. O Cara da eleição foi a Marina. Com sua voz infantil, comedida, sem espalhafato, sem gestos largos, conseguiu aquilo que para muitos era impossível. Dividindo preciosos votos aqui e ali, recebendo apoio de alguns artistas, encantando alguns indecisos ela foi trilhando um caminho que não foi percebido pelos institutos de pesquisas.
A Marina Silva foi a terceira via. Insuficiente ainda para vencer o pleito, mas cumpridora. Sem uma estrutura partidária que a sustentasse e mostrasse viabilidade para governar, ainda assim ela foi decisiva para estender a eleição a um segundo turno. Não foi pouco o que ela conquistou!
Por aqui, o Governador eleito conseguiu uma verdadeira proeza. Superou a velha ideia da radicalização entre dois discursos e emplacou uma vitória inédita na história da República dos Pampas.
Outro que está em alta é o Renato Portalupi. O tricolor mostrava um aptidão ao suicídio da Segundona. A ruindade parecia insuperável e o desastre iminente. Quando Renato foi indicado para substituir o então comandante Silas, cheguei a desconfiar da sua capacidade em levar aquele time de derrotados a algum lugar. Olha, me enganei e muito. E não estou só! Não encontrei ninguém que tenha apostado as fichas no rebelde ídolo gremista. A rebeldia é coisa do passado. Renato tem operado milagres. Para os gremistas Renato é “O Cara”!
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