Gre-nal (ilustração- Bruno Reis) |
O domingo está reservado ao Gre-nal. Não é um jogo comum. É uma instituição gaúcha, tanto quanto o churrasco, o CTG, o chimarrão e o Teixeirinha. São mais de 100 anos de história do maior clássico do futebol brasileiro. Até o momento foram 382 confrontos. O Inter tem 144 vitórias e o Grêmio 120. Foram 118 empates. A supremacia colorada em números foi conquistada em dois momentos específicos, o Rolo Compressor, na década de 40, e o período pós-Beira-Rio.
O primeiro jogo entre os dois rivais ocorreu em 1909, no dia 18 de julho, dias depois da fundação do Colorado. A contenda foi assistida por duas mil pessoas. Os gremistas usavam camisas metade azuis e metade brancas e calções pretos. Os colorados tinham a camisa branca com listras vermelhas. Nas cabeças gorros. Foi a maior goleada de todos os tempos. Dez a zero para o Grêmio. O Inter demorou alguns anos para retribuir. Mas, em 1948, os colorados enfiaram sete a zero, ganhando o título de campeão da cidade de Porto Alegre.
O que o Gre-nal tem de especial? Não é um jogo comum. É o da superação, da entrega, da determinação. Assim, nem sempre quem ganha é a equipe que está em melhor situação, em posição mais harmônica, mais equilibrada. Não raras vezes o vencedor é o que apresenta mais transpiração e espírito de superação. Tanto que a definição mais criativa para resumir o complexo encontro entre as duas maiores forças do futebol gaúcho, onde tudo pode acontecer, é uma redundância e tanto: Gre-nal é Gre-nal.
A rivalidade, desde o seu nascimento, já demonstra a singularidade. Contam que o Colorado foi gerado num ato de desagravo aos paulistas da família Poppe, que foram recusados no quadro de sócios do Grêmio. Revoltados, usaram isso como motivação para a criação de um novo clube, em 1909.
Também a designação do clássico foi cercada de polêmica. Em 1926, o jornalista Ivo dos Santos Martins cansado de datilografar em suas laudas os nomes dos dois clubes – nos primórdios os jornais publicavam os nomes completos, ou seja, S. C. Internacional versus Grêmio F. Porto-alegrense-, buscava um apelido que pudesse caracterizar o jogo. Cunhou a expressão Inter-Gre. Como era gremista, seguiu o coração, ouviu as reclamações dos torcedores mais exaltados, colocou o seu time na frente e acabou por adotar o apelido gre-nal, que caiu no gosto popular.
Mesmo o mais empolgado torcedor da época não poderia imaginar a dimensão que o clássico tomaria nos anos que se seguiram. A luta dos rivais, no entanto, foi grande. Primeiro guerrear em casa, superar os obstáculos regionais. Foram anos de luta pelo único troféu possível: o título de campeão gaúcho. Depois, tornar-se grande nacionalmente. Vencer os poderosos. Superar a desconfiança. O Brasileirão parecia um sonho. A América algo inatingível. O Mundo algo inimaginável. Os dois, no entanto, mesmo distantes do centro nervoso do poder desportivo – centrado no eixo Rio-São Paulo – conseguiram atingir o topo.
É uma história e tanto. Mesmo para aqueles que desdenham do futebol. A dupla Grenal, separadamente ou em conjunto, tem uma trajetória rica, cheia de superações, de desafios e de lutas. Como ninguém quer perder, o movimento para reforçar as trincheiras insanamente pode iniciar já na maternidade. É cena comum nestes rincões a corrida frenética de pais, tios e avós atropelando médicos e enfermeiras, ainda no hospital, para garantir mais um torcedor. Chupeta, toquinha e adereços com o emblema do clube preferido. Todo o esforço, por vezes, pode se tornar inútil. Um insuspeito tio pode, sem muitos argumentos, corromper o pimpolho e levá-lo para o outro lado. E aí não tem mais volta. Coisas da vida!
E agora, quem vai vencer, eu sou colorada e tu é gremista, tanto faz que vai vencer então!!! (risos)
ResponderExcluirBjssssss