28/10/2010

Um bom voto

Não é raro, no dia das eleições, quando marchamos decididos em direção à seção eleitoral, encontrar alguém que nos deseje um bom voto. Se ele está com algum adereço de candidato ou tem uma vivência partidária conhecida, trata-se de uma mensagem subliminar, no estilo, “um bom voto é eleger o meu candidato”. Ou, ainda, “escolhe bem quem escolhe o candidato que eu prefiro!”.
O certo é que somente muito depois do barulhinho da tecla confirma é que vamos saber se o voto foi bom ou não. Às vezes isto demora meses ou até anos. Aqueles que dão às eleições o valor de uma competição, de uma final de campeonato, de uma corrida de cavalos, que apostam neste ou naquele candidato com o intuito de ganhar um jogo talvez nem ao menos reflitam sobre o complexo ato de votar. Para eles basta a vitória!
Para os partidos a vitória é o próprio projeto político. É da essência do jogo político a vitória eleitoral. Derrotar o grupo oponente garante a sequência do projeto de poder ou a substituição do grupo governante. Porém, há aqueles que estão atrelados ao poder. Suas facções estão espalhadas por aqui e por ali. Neste caso, não importa quem vença o pleito. Estarão de uma ou outra forma montados nos cargos do governo. São os camaleões da política.
O eleitor não! A parte permitida ao cidadão neste show é emprestar o seu voto a alguém. Vejam bem, eu disse emprestar! O voto é temporário. Haverá, dentro de algum tempo é claro, a oportunidade de cobrar dos eleitos os resultados que prometeram. Se os eleitos decepcionarem, não faltará oportunidade para que os eleitores demonstrem sua frustração. Aprendemos com a democracia que logo em seguida ocorrerão novos pleitos e o eleitor terá oportunidade de se manifestar novamente.   
O bom voto hoje poderá se revelar uma péssima opção no futuro. Foi assim com Collor. Empolgados com as peripécias do Caçador de Marajás do Nordeste, gente boa, insuspeita, cidadãos honestos e até mesmo bem intencionados embarcaram no maior embuste eleitoral da história da nação. O que se viu foi uma vergonha. Os apoiadores, que festejaram efusivamente a vitória foram, aos poucos, colocando suas violas no saco, seus rabos entre as pernas, e lentamente esquecendo que sonharam endireitar o Brasil com aquela turma. 
Tenho conhecidos que até hoje sentem vergonha do “bom voto” que emprestaram. Paciência, errar também é da vida!
O voto é nosso. Se será bom ou não, o futuro dirá!

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