23/02/2011

A queda dos muros

Os muros, construídos com suor e sangue, com destruição de homens e mulheres, com perseguições políticas e religiosas, estão sendo destruídos, no mundo árabe.  A população oprimida por regimes de força reage sitiando os tiranos, encurralando seus comparsas de maneira surpreendente. Encastelados, protegidos por soldados hesitantes, os ditadores tentam se segurar na cadeira. Com a força de águas represadas, a população pressiona de tal forma que vai abrindo fendas, corroendo vagarosamente as estruturas do poder.
 
A tecnologia de informação tem contribuído decisivamente para a formação do exército popular, responsável pela resistência. Os silenciosos blogs, Facebook, Twitter e outras ferramentas vêm alimentando o sonho das pessoas. As reuniões, os protestos, convocadas virtualmente, se materializam com a tomada das ruas e das praças por uma multidão dispostas a lutar por mudanças.  Muitos dos líderes destas revoltas são exilados que vivem na França, na Inglaterra ou outros países. Porém, virtualmente encontram-se em seu país, comandando a resistência. Daí à derrubada de estátuas, à retirada de símbolos que lembrem o regime é um passo.

Aqui, na segurança de nossa sala, as imagens transmitidas pelos noticiários dão a impressão de que um furacão está passando por aquela fração de terra. Os modelos, conforme expressam os meteorologistas, indicam que os ventos seguirão causando estragos por extensos territórios dominados por ditaduras de toda ordem. 
Movido pela sempre presente curiosidade, busquei informações sobre a origem de algumas expressões tão em voga nestes tempos de luta, de reação e de revolução no até então fechado mundo árabe. Nos anos 70, enquanto o pau corria frouxo por aqui, dizia a propaganda do jeans Us Top que “liberdade é uma calça velha, azul e desbotada, que você pode usar do jeito que quiser”.  Na verdade, liberdade está relacionada à possibilidade do ser se movimentar sem coação, sem pressão. 
A ditadura, contra o que se insurgem os cidadãos do mundo árabe, é de origem romana. Ao contrário do que hoje se consagrou, o ditador era um cidadão romano convocado  para gerenciar um momento de crise. Mesmo com poder limitado, o ditador ditava as leis que tinham o valor de decreto. A ditadura, regime de exceção, tinha tempo certo para acabar, seis meses. Nem mesmo o imperador podia desconhecer ou contrariar o conteúdo de um decreto gerado neste período.
Atualmente as ditaduras não são instrumentos constitucionais. São, isto sim, regimes que se impõem pela força, pela opressão, pelo massacre sobre os seus adversários, com a concentração do poder nas mãos de um indivíduo ou de um grupo reduzido. Muitas vezes, como ocorreu no Brasil, entre 1964 e 1985, chegam a editar constituições, sacramentando sua legislação opressora, validando seus métodos de governo.
Queira Deus, Alá ou a figura que represente o Criador nestes países em convulsão, a liberdade seja conquistada por todos estes povos oprimidos. Muitos deles submetidos a séculos de exploração. Que possam, enfim, escolher o futuro que pretendem e não o futuro que o tirano escolheu.

Quer saber mais sobre o assunto:
A derrota do faraó pela geração on line
Origem da palavra liberdade
 A ditadura
 

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