31/08/2010

O desgosto e a boa nova

Todo homem sofre influência. Mesmo o mais autônomo, mais intelectualizado, mais seguro pode ceder às pressões do meio.  Sendo um ser social, o homem se relaciona com outras pessoas desde o nascimento, quando ainda é totalmente dependente dos cuidados dos genitores. Ao longo do tempo o raio de influências vai aumentando, na medida em que aumenta o círculo de convivência. Escola, amigos, escolinha de futebol, aniversários, festinhas e por ai vai. 
Nesta caminhada vamos agregando conhecimentos. Deixamos, aos poucos, o aconchego do lar, da vigilância dos olhos dos nossos pais, e vamos desbravando, descobrindo os pequenos mistérios que o mundo parece nos esconder. Mesmo que o nosso caminho seja percorrido a passos largos, aquelas primeiras impressões que temos de mundo, adquirida na convivência familiar, tendem a se fixar na memória de tal forma que vez por outra reaparecem com força.

27/08/2010

O drama da jubarte

O drama da baleia jubarte, encalhada em Capão da Canoa, foi assunto de dias. Apesar dos esforços dos técnicos e da enorme torcida, o cetáceo, após penoso trabalho de remoção do banco de areia, insistia em encalhar novamente. Foram dias de agonia, uma desesperada briga para salvar o animal. Por fim, a realidade. Acometida de uma doença, a baleia queria mais era o descanso, um cantinho para estacionar e morrer.
Comovente também tem sido a luta do tricolor gaúcho. Tal qual a jubarte, encontra-se encalhado numa zona rasa e de lá teima em não sair. A luta é penosa. Às vezes parece que a maré finalmente subirá e que logo, logo, ganhará o oceano. Porém, advém nova maré baixa e a tentativa e o esforço mostram-se vãos. Sucedem-se os erros. A desorientação, o desatino, talvez determinados pela vontade excessiva, vai maneando os jogadores de tal forma que as soluções não vêm.

26/08/2010

Quer um conselho?

“Quer um conselho? Se eu fosse você faria da seguinte forma”... Quem nunca ouviu ou disse as expressões precedentes? Quem, do alto de sua sabedoria, não se arvorou no direito de sugerir, de dar um rumo a quem, em determinado momento, se encontrou à deriva? Às vezes, diante da incerteza de alguém, pode até coçar o desejo de mostrar aquilo que ele não está vendo. 
No fundo, ninguém resiste à ideia de auxiliar, de ajudar. É a solidariedade humana em ação. É a própria caridade pedindo passagem. Porém há um detalhe que faz toda a diferença. Nem todo mundo que pede uma luz está mesmo disposto a encarar o caminho indicado por outro. Além disso, não há nenhuma garantia de que a solução defendida pelo conselheiro efetivamente vá gerar a solução mais apropriada.

19/08/2010

O inimigo silencioso

Édson Cardoso
O psiquiatra Édson Cardoso, no sábado passado, em palestra na Câmara de Vereadores de Osório, alertou para um problema social que pode passar despercebido. Ao abordar a dependência química, centrou sua análise na ação destrutiva de uma das drogas mais consumidas na atualidade. Destacou a forma silenciosa como o consumo reiterado de álcool se transforma em uma grave doença, causando uma série de desconfortos ao dependente e à família.
Como é uma droga socialmente aceita, o álcool vai aos poucos ganhando importância na vida das pessoas. Usado como forma de soltar o indivíduo, de facilitar o contato entre as pessoas, como elemento agregador, ao longo do tempo vai se constituindo num inimigo implacável.  Este processo é construído lentamente. O álcool, que entra para embalar a festa, perde o seu aspecto alegre, sua função pode mudar radicalmente ao longo do tempo, tornando-se um inimigo poderoso, pois pode tomar as rédeas da vida humana. O homem, dependente, vai perdendo o controle e começa a dedicar mais e mais tempo ao vício.  Sem notar, o indivíduo perde a autonomia e se desfaz de coisas que até então eram importantes, como o trabalho, a família e a boa convivência.

04/08/2010

Pais e filhos

Nos primórdios não existia uma família. O homem vivia em bandos. Era uma massa de gente, identificada pelo instinto, que se movia para lá e para cá, fugindo de feras, buscando permanentemente locais com abundância de alimentação, água e temperaturas mais amenas. Permaneciam juntos por necessidade. Era mais fácil vencer as feras em grupo. Talvez tenha surgido daí a expressão a união faz a força. 
Um pouco mais polido, milhares de anos depois, os grupos foram se tornando menores. Possivelmente as feras já haviam sido dominadas e o clima de excursão pode ter perdido a graça. Outra opção pode ser a intuição de algum incipiente gênio da época: grupos menores, menores necessidades, menos trabalho, mais lazer. Sei lá! Quem sabe não foi aí que surgiram as primeiras regras da economia doméstica.