25/04/2014

A falência do homem e de suas leis

O momento é de desencanto. São tantas notícias negativas, tanta crueldade, tanta selvageria tomando conta do noticiário que não há como se manter isento a tudo isso. Muito embora as notícias sejam frequentes aqui no nosso chão, sabemos que os excessos são cometidos em todo o mundo, causando a impressão de que a humanidade vem sendo assaltada por uma horda que nada teme. O gênero humano está em cheque. A sociedade, que se pretende civilizada, vez por outra é colhida por um bombardeio de acontecimentos repugnantes e, até certo ponto, inexplicáveis à luz do conhecimento teórico que vamos acumulando ao longo dos tempos.
Até onde chegará o ser humano? Qual o limite da perversão do homem? O que fazer diante de fatos que atentam frontalmente ao pensamento de que o homem é um ser que tende a se aperfeiçoar?

16/04/2014

O sumiço das palavras

Vinil O Fino da Fossa, volume 2
Ouvia no rádio uma música da Bossa Nova. Lembrei que o movimento, muito embora tenha sumido há algumas décadas, deixou um legado importante no panorama musical mundial. O jeito sereno e limpo, sem a necessidade de que um vozeirão se impusesse sobre a música, nasceu aqui no Brasil. Mais especificamente tendo como cenário as belezas do Rio de Janeiro, então Capital da República. Começou lá pelo final dos anos 50, dentro de um panorama de euforia e de valorização da brasilidade. Espalhou-se pelo mundo, agregando valores da música norte-americana como o jazz.
Com isso, lancei-me no exercício de lembrar de coisas que apareceram, fizeram parte da história das pessoas e depois sumiram. Não é bem o caso da Bossa Nova que continua ainda fazendo muito sucesso no meio artístico nos EUA, na Europa e no Japão. Pensando bem, o termo em si é que talvez tenha ficado no passado. Quantos destes meninos que atravessam as cidades de skate, que caminham pelo centro e pelos bairros carregando suas mochilas nas costas, com seus bonés cuidadosamente relaxados em suas cabeças, com seus fones inevitavelmente tapando seus ouvidos, sabem o que é bossa nova?

09/04/2014

Fala, Serius!

Serius é um deus esquecido. Não adianta procurar na mitologia porque lá ele não está. Segundo o célebre estudioso Neutralis, que conhece os bastidores romanos, gregos, africanos e outros menos cotados, de fio a pavio, Serius foi banido por Júpiter para sempre. O que ele fez para desagradar Júpiter ninguém sabe e ninguém jamais saberá. Como para sempre não existe, consta que neste exato momento Serius encontra-se reencarnado como um cidadão comum, desprovido de qualquer poder, no meio de nosso querido e amado Brasil.
Apesar de ter perdido seus poderes majestosos, Serius mantém-se como um ser retilíneo, circunspecto, pensador e, por consequência, pouco dado à galhofa e às farofagens que marcam nossa vida cotidiana. Ele tem um defeito: em princípio acredita no que os outros falam. Como dizem os mais descolados, Serius não tem jogo de cintura. Mas, não é um ingênuo. Serius tem como princípio dar crédito às teses alheias e, depois, no recolhimento noturno, enquanto se delicia com uma providencial taça de vinho tinto, com o vagar que convém, se entrega à racionalização das coisas.

07/04/2014

Era frustrada

A cidade pacífica onde os moradores deixavam os carros abertos, onde os muros eram meramente decorativos e as pessoas sentavam na calçada para compartilhar um mate, é coisa do passado. São imagens antigas como aquelas velhas fotos que vão perdendo as cores e o brilho. A passagem do tempo tem sido cruel com os costumes provincianos. O que se vê hoje, em qualquer cidadezinha interiorana é o crescimento cada vez mais intenso no uso dos aparatos de segurança. Cercas, muros, câmeras, seguranças particulares. Adeus conversa de vizinhos sobre a cerquinha de madeira.
Aquilo que era realidade nos grandes centros há décadas, agora faz parte do dia a dia das médias e pequenas cidades brasileiras. Até nos interiores do interior, a preocupação com a segurança tem crescido sobremaneira.