29/12/2017

Ano Novo, vida nova

VIDA NOVA- Ano novo vida nova: diz uma surrada expressão otimista, hoje um tanto quanto sem uso. Talvez para um que outro coincida o avanço do calendário com a fase de transformação da existência. Pensando bem, que bom seria que num passe de mágica as transformações necessárias ocorressem com a simples mudança do ano. A magia, no entanto, não ocorre assim num flash. No processo natural, é necessário tempo de maturação para que as coisas se consolidem.
Porém, para quem está necessitado de uma quinada na existência, o clichê bem que pode funcionar como uma mola. Mas, cuidado: até uma mola cansa.

19/12/2017

Imagem não é tudo

"Faz anos uma rede de tevê juntou especialistas para dar um rosto mais verdadeiro ao Mestre Jesus. O que saiu foi algo muito diferente das imagens costumeiras".

Luzes de Natal - Com salários parcelados e sem o décimo terceiro pingando nas contas bancárias, boa parte do funcionalismo público gaúcho vai se acostumando à mudança de hábitos. Como a economia é a uma estrada de muitas vias, o dinheiro que falta na conta do servidor público vai faltar ao comércio, que pagará menos impostos repassando menos recursos para o Estado. E o círculo não se fecha para por aí. Faltando recursos furam os orçamentos. Com isso, saúde, educação, segurança e outros serviços, que já são capengas há décadas, vão decaindo ainda mais. Ano que vem, fortes refletores voltam a iluminar os candidatos a governador para garantir boa imagem no horário eleitoral. Certamente, não faltará alguém que exporá números e mais números e dirá que resolveu a crise financeira que abateu sobre o Estado. Juro que não vou rir.

06/12/2017

Contagem regressiva

"E o seu deputado já vem aí. Com santinho na mão. Aperto de mão, tapa nas costas e beijo nas crianças. Tenho certeza que vai gritar seu nome de longe que é para você saber que ele tá lembrando. Que você é importante no processo. Sem você ele não garante a eleição e o futuro da família".


Vamos combinar que a contagem regressiva, se não começou oficialmente, já está na cabeça das pessoas. Cada um dos dias que passa é um a menos na conta de 2017. As horas avançam e o ano de 2018 está chegando a galope. A gente pode até nem pensar sobre isso, mas, no fim, não há como ficar imune a este sentimento de final de ciclo e início de outro.
Quem assiste tevê já tá vivendo o 2018. “Compre agora e comece a pagar só no ano que vem”. Tudo fácil e sem frescura. Juro embutido é mero detalhe. Uma coisinha que não se leva em conta. Afinal, a economia vai de vento em popa. O presidente tem o apoio do mercado. Os altos empresários estão reservando grandes expectativas na recuperação econômica. A estabilidade política está garantida. E, com isso, está tudo certo. Está tudo tranquilo.
Não importa muito se uma parcela de 90% da população reprova os métodos do governo. Isso conta muito pouco. É um detalhe mínimo. João e Maria não valem nada. O que importa é que o mercado está tranquilo. A gasolina sobe todo o dia. Os preços sobem todo o dia. Tudo aumenta. Menos a esperança de quem pega no pesado. Calma lá: João e Maria querem demais. Silencio gente: o mercado tá feliz. E é isso que verdadeiramente importa.

04/12/2017

Yes, nós temos racismo

Foto: Wikimedia

"Até pouco tempo atrás imperava a fantasia de que o brasileiro é um ser pacífico e que não levava em conta as diferenças pessoais. Ou seja, imperava por aqui um sentimento de democracia racial plena, um exemplo para o resto do mundo".

Sou tentado a afirmar que não existem raças. Que etnias são simplesmente definições culturais para reunir povos pelas suas características físicas. Que só existe uma espécie humanoide na Terra: o ser humano. Mas, quem entende do assunto, diz que, mesmo não havendo razões científicas para a separação do homem em grupos, ainda assim, não há porque prescindir do conceito de raça.
O professor Dr. Kabengele, congolês, diretor do Centro de Estudos Africanos, da USP, de São Paulo, ressalta que, “embora alguns biólogos antirracistas tenham chegado a sugerir que o conceito de raça fosse banido dos dicionários e dos textos científicos, ele persiste tanto no uso popular como em trabalhos e estudos produzidos na área das ciências sociais. O uso justifica-se como realidade social e política, considerando a raça como uma construção sociológica e uma categoria social de dominação e de exclusão”.