26/04/2017

Outros tempos

Os tempos são outros. As pessoas são outras. As diversões são da mesma forma, outras. Mas, os dramas se repetem. As preocupações de pais e de mães são os mesmos de 20, 30, 50 anos atrás. Lá no passado, meio distante é verdade, tudo o que era novo representava a falência do indivíduo e da família. Foi assim quando surgiu o rock and roll, nos anos 50,nos EUA. A música alta, frenética, punha corpos de jovens a dançar loucamente. Meninos e meninas saíam do sério. O ritmo demoníaco mostrava que o mundo chegava ao seu fim.
A televisão foi outra que chegou causando certo furor. No começo, porém, era programa de família. O pai ligava o aparelho no começo da noite. Naqueles tempos, ligar o botão e selecionar um canal para assistir um ou outro programa era um acontecimento. A presença do chefe da casa era o reconhecimento explícito de que ver tevê era coisa séria. Os pequenos não eram autorizados nem a pensar na ousada iniciativa de ligar o aparelho fora do horário estabelecido.
Eis que, em dado momento, ter uma tevê na sala não representava nenhum status. Virou coisa comum. Com o crediário de 12 vezes para pagar, sem entrada e sem mais nada, qualquer moradia poderia abrigar uma tevê.  Com a popularização mudou muita coisa. Sumiu todo aquele clima cerimonioso. A programação se ampliou. Surgiram mais e mais canais. E a meninada virou foco. Desenhos animados pela manhã e a tarde toda. E, com isso, aumentou significativamente o tempo na frente da tevê.
Pesquisadores apontaram que aquele excesso de tevê influenciava de tal forma que as próximas gerações seriam formadas por seres abobados, imbecis, sem qualquer capacidade de viver com algum grau de inteligência na cabeça. De tão expostos à violência televisiva, os jovens formariam uma sociedade violenta. Além disso, os programas sensuais influenciariam de tal modo que a sociedade se tornaria um não sei o quê de perversidade, pondo fim aos sagrados costumes tradicionais do repeito familiar e da convivência pacífica e harmoniosa.
Hoje a tevê nem preocupa tanto. Há outros males maiores. Os celulares, a internet, as redes sociais impuseram um crescimento da vida virtual em detrimento do contato visual. Agora mesmo é que se têm a impressão de que o mundo já não é mais o mesmo. E o pior: ele pode mudar no dia seguinte diante de uma nova invenção, de uma nova informação.
Os dias de hoje jamais seriam compreendidos se alguém do começo do século passado acordasse nestes tempos. Tudo seria louco e frenético, indecente e diabólico como já foi um dia um inocente rock and roll dos anos 50.
O relógio não para. O tempo segue. As pessoas vêm e vão. E cada época tem a sua loucura.  E o mundo avança. E não para. E o ontem já se foi. E o hoje logo se vai. 

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