12/07/2018

Ganhar ou perder


Há motivos suficientes para as variações de humor. Não precisa procurar muito. Basta dar uma olhadinha ao redor. A placa do posto anuncia gasolina em promoção. Quase cinco reais o litro. Dia desses o Brasil parou. A greve-locaute jogou tudo para as nuvens. Os preços subiram devido à carência de produtos no mercado. O abastecimento voltou ao normal. Os preços ficaram nas nuvens. Tem eleição daqui a pouco e os candidatos que se apresentam não sacodem com a torcida. Desilusão em cima de desilusão.
Há motivos suficientes para as variações de humor. A bola rola na copa. A Globo se denomina a dona da bola. Pagou, comprou os direitos. Não tem oque fazer. O Galvão cria bordões e irrita o torcedor. Sem opção prefere ficar resmungando na frente da tevê; Há alguns que largaram o jogo. A política tá uma droga, dizem; o STF uma vergonha, dizem, o Brasil não se ajeita… Educação, saúde, segurança: tudo em petição de miséria. E essa tevê só fala de futebol. É copa e mais copa. Neymar no chão, cabelo do Neymar, golaço de Neymar.

Tem amigos meus que já torceram para a Islândia. Outros viraram mexicanos. Não querem o Brasil. Não gostam do Brasil. De nada adianta ganhar a copa: a saúde vai ficar deste jeito, a educação segue sem educação e a segurança vai pra UTI. E tem eleição em outubro, Deus nos acuda! Então, que perca o Brasil. N]ão adianta ganhar. Isso só vai mascarar a realidade que é dura e não muda nunca. Gritar pela seleção de um país que não dá esperança, que sepulta sonhos, que é ruim da cabeça nem pensar Azar se é bom de pé. Que perca e volte para casa com o rabinho no meio das pernas. Que volte para casa e assuma seu lugar de gente medíocre, que não dá certo em coisa alguma.
Pois, quando escrevo o jogo recém acabou. O México veio cheio de pompa. Se jogou para cima para decidir. Tentou impedir que os brasileiros respirassem. Neymar chorão vive no chão. Bate no Neymar que ele some do jogo. Se ele sumir a seleção naufraga. Que nada! Bate um, batem dois, batem três. Neymar no chão, Neymar em pé. Gol do Brasil. Gol de Neymar. É uma sina para quem seca.
Filosoficamente falando, considero justo que não se goste de copa, que não se goste de futebol, que não se goste deste ou daquele. É justificável que brasileiro torça para português, que se diga uruguaio, belga, japonês, russo. Cada um, cada um. Mas, o tom de cobrança nas redes sociais é exagerado. Aliás, exagero é pouco. Uma amiga minha, querida e inteligente, faz parte do time dos contras. De nada adianta ganhar, disse. Tem lá sua razão. Ganhar a copa não vai mudar grande coisa. O quilo do arroz não vai diminuir nem da gasolina e muito menos do pacote de internet.
Por outro lado: o que vai adiantar se perder? Alguma mudança muito drástica ocorrerá? O Brasil mudará significativamente? A saúde respirará melhor? O STF vai julgar conforme querem estes ou aqueles? Claro que não! Vamos viver como vivemos até então. Só teremos vivido alguns momentos de satisfação por ganhar um jogo, uma copa, uma estrela a mais na camiseta.
Mas, a luta continua. Segunda foi o México. Amanhã será outro. Se vai ganhar ou não, não sei! Só sei que vou continuar torcendo para a seleção ganhar. Aliás, não torceria contra o nosso basquete nem nosso vôlei nem nosso time de bola de gude. Um jogo é um jogo e pronto. Quem quiser motivos suficientes para sobressaltos que faça as conexões necessárias. É questão de escolha.
E se a seleção perder? É do jogo. Ganha-se, perde-se. Independente de qualquer coisa, bola prá frente porque minhas faturas terão quer ser pagas de qualquer modo. De preferência no dia do vencimento porque a multa é cara. E o banco não quer saber se fiquei triste ou alegre como resultado de uma partida de futebol.



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