28/03/2019

Os homens e os deuses

Monte Olimpo - representação
 de Zeus na Grécia Antiga

Os maçons chamam-no de Grande Arquiteto do Universo. Os indígenas de o Grande Espírito. Os judeus são proibidos de dizer Seu nome. O Inominado é, então, substituído pela expressão Adonai, que significa Senhor. Alá é o deus dos Árabes. Há vários títulos também atribuídos ao Criador dos mundos, do tempo e de tudo o que há, o que haverá e o que houve. Elohim, Elohá, El Shadday, Yhwh/Yahweh/Jeová são algumas das designações religiosas para o Criador poderoso e forte.
Já Xuxa Meneghel, há algumas décadas, preferia tratá-Lo como o Cara lá de Cima. Isso fez com que ela permanecesse no centro de algumas teorias conspiratórias enquanto fez sucesso. Tratar a divindade desta forma tão íntima e desleixada, tão desrespeitosa e arrogante, revelava que a loira tinha selado um pacto com o inimigo. Esse pacto, segundo as teorias mais malucas, faria com que ela fosse impedida de todas as formas de tratar a divindade como deveria. Caso ela claudicasse, perderia todo o sucesso e a dinheirama que amealhou ao longo de sua carreira exitosa. O Capeta estaria por trás de tudo isso. Só ele poderia garantir que uma artista que não sabia cantar fizesse tanto sucesso como cantora, que não sabia atuar fizesse tantos filmes.

Pensando bem: atento hoje ao panorama musical pode-se dizer que talvez o tinhoso tenha realmente todo esse poder. As rádios tocam cada coisinha que “Deus me livre”.
Os orientais são meio xuxas também. Não acreditam no Deus do Ocidente: um homem vigoroso, forte, cheio de sentimentos e emoções, capaz de cobrar de maneira muito forte a obediência e a retidão de todos, sob pena de castigos cruéis e, muitas vezes, eternos. Preferem, os orientais, trabalhar o corpo e a alma na busca de uma sintonia que proporcione a ascensão.
Os taoístas, por exemplo, apresentam a força criadora como uma grande consciência cósmica, que mantém o funcionamento do Universo com lei perfeitas. Todos os seres têm sua consciência própria e, dependendo de seus atos e pensamentos, podem ascender e se fundir com esta grande consciência imaterial, atingindo a perfeição. O Tao é o caminho não um deus.
Por aqui, nesta terra onde os dogmas crescem de valor e o pensamento diversificado tende a ser combatido pelo exército da fé, a preferência recai sobre a divindade que elege pessoas, que designa este ou aquele como os seres que merecem os louros do presente e as graças do futuro. Esse deus contraria tudo o que se pode pensar em termos de justiça e de perfeição. Talvez faça bem para o seu povo sentir-se agraciado e salvo. Porém, filosoficamente falando, há algo que não combina nesta equação: se Ele é justo e bom, se é perfeito e tudo sabe, inclusive sobre as imperfeições dos seres, que necessidade é essa que Ele teria de punir este ou aquele? De agraciar este ou aquele?
Mas, tudo isso, é ato de fé. Ou se crê ou não se cria. Pensar racionalmente sobre isso é, para muitos, esforço inútil. Afinal, as coisas não se resolverão. Os mistérios continuarão sendo mistérios e o homem vai continuar caminhando carregando seus medos e fazendo as suas concessões até para coisas que, no fundo, não fazem nenhum sentido.

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