09/10/2013

Os ditados populares

Água mole em pedra dura...
Não se sabe ao certo quando nem onde surgem os ditados populares. O que se sabe é que mais dia menos dia alguém vai lançar mão de algum conhecimento que vem sendo repetido desde “os tempos do epa”. É comum pensar nesses chavões como  fórmulas repetidas à exaustão, muitas vezes de gosto duvidoso, que se destinam tão somente para ilustrar os bate-papos das pessoas humildes, desprovidas de vocabulário, de traquejo no trato da língua. No entanto, cá entre nós, apesar de singelas, há algumas destas expressões que são impagáveis. Mesmo que o indivíduo cultive todos os cuidados para evitar que seu discurso não pareça assim tão simples, tão desprovido de requinte, vez por outra os ditados populares escapam da memória coletiva e se intrometem como algo definitivo, insuperável e inevitável.
Agora mesmo, diante das repetidas manchetes do empobrecimento do maior empresário brasileiro dos últimos tempos, não há como não lembrar dos nossos irmãos portugueses que, diante de uma situação semelhante repetem que  “quanto mais alta a berlinda, maior é o trambolhão”, ou, traduzindo para o Português do Brasil, “quanto mais alto fores, maior o tombo”.
 
No futebol, então, a linguagem é feita de meia dúzia de expressões. Neste quesito os craques, os medianos e os pernas de paus cometem os mesmo deslizes. Comungam do mesmo pecado; a repetição. É claro que, depois de correr mais de 11 quilômetros (que é a média percorrida pelos atletas profissionais em 90 minutos de partida), suados, muitas vezes vaiados pela torcida, criticados pela imprensa e com uma derrota nas costas, é compreensível que apenas repitam frases prontas. A criatividade, a análise aprofundada, o palavrório enfeitado, tudo isso pode ficar para depois quando as forças forem recompostas e as conexões com o mundo fora das quatro linhas tiverem sido refeitas. Mesmo dirigentes, árbitros, treinadores, preparadores  físicos e assemelhados, que não se desgastam tanto durante as refregas futebolísticas, vivem a mania de repetir quatro ou cinco frases. 
Se o time perdeu e o zagueirão foi o único culpado é de bom tom que ele assuma a lambança que fez. Assim, após o jogo, quando os microfones se dirigirem em sua direção e as câmeras da tevê focaram seu rosto suado, é irremediável que faça uma cara de arrependimento, olhe com firmeza e repita com voz chorosa, mas ainda mostrando segurança:“eu fui infeliz no lance”. E pronto, está tudo explicado. 
Outra desculpa das mais esfarrapadas e que comumente é repetida é “levamos um gol de bola parada”. Como assim cara pálida? Se ela estiver parada não vai ultrapassar a linha que demarca o gol. Ou seja é impossível levar um gol de bola parada. Até prova em contrário, o balão de couro (como diziam os locutores de rádio da antiguidade) deve estar em movimento. Outra por demais usada, especialmente quando o time está em desvantagem e precisa de uma motivação especial para reverter o resultado é “jogar com a faca entre os dentes”. Convenhamos isso é humanamente impossível e afronta decisivamente as regras do esporte bretão.
Mas o futebol apresenta situações que são importantes no momento, mas que depois caem no esquecimento geral. Como diria o sábio “o futebol é dinâmico”. O treinador que hoje é a salvação da lavoura, amanhã será chamado de burro. O demitido hoje voltará a comandar o mesmo time amanhã. O mocinho logo logo vai virar bandido. E assim segue o barco. O futebol, como a própria vida, “é uma caixinha de surpresas”. Assim,  tanto na vida quanto nos gramados, diante de nós há pelos menos três resultados possíveis: ou se ganha, ou se perde ou se empata.
Tá bom ou quer mais? 

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